terça-feira, 31 de julho de 2018

5 crenças limitantes que não se deve falar para uma criança que vive no Japão


Chamamos de "Crenças limitantes" aquelas crenças que temos sobre a vida que foram resultados de interpretações negativas das experiências que vivemos. Dessa forma, quando passamos novamente por situações parecidas com o que vivenciamos, nossas decisões sofrem influências daquele padrão, impedindo a mudança de paradigmas.
Praticamente falando, são as crenças que movem nossas ações. Se acreditamos que somos boas pessoas, vamos nos esforçar em fazer ações boas e isso trará bons resultados reforçando nossa tese de que somos boas pessoas.
Por outro lado, se acreditamos que somos desorganizados, outro exemplo, vamos tolerar a desorganização e protelar ações de organização. Isso manterá a bagunça reforçando nossa crença de que somos desorganizados.
Crenças movem as nossas ações e aquilo que a gente crê a gente faz. E o que a gente faz a gente vê. E quando a gente vê a gente acredita de novo, reforçando nossas crenças, mantendo um paradigma.
Agora vamos aos exemplos da vida de um brasileiro no Japão.
Selecionei 5 frases comuns que estrangeiros costumam falar sobre a vida no Japão e muitos falam, inclusive, para seus filhos.
Vou explicar o motivo para vocês evitarem falar isso para as crianças:

"Japoneses são pessoas difíceis"
Essa frase rotula e generaliza a condição do japonês reforçando outra crença de que será muito difícil fazer amigos ou conviver com um japonês. Se a criança acredita nisso ela, de imediato, passará a ter comportamentos de esquiva e falta de esperança em conseguir conviver com eles, não se esforçando com a esperança e o prazer necessários para se integrar rapidamente à comunidade japonesa.
Ao invés de crer e falar assim é preferível dizer: "pessoas são diferentes entre si, possuem maneiras de pensar e agir diferentes, é o caso de japoneses e brasileiros, e isso pode nos ajudar a aprender modos diferentes de ser. Como podemos conviver melhor com um japonês?"

"Morar no Japão não é fácil"
Pode ter sido difícil para muitos, mas não é uma regra. Portanto, dizer que não é fácil é novamente engessar uma crença de que haverá sofrimento. Ao invés de pensar que haverá dor e sofrimento, é preferível planejar uma vida com desafios motivadores. Ou seja, ao invés de dizer que não é fácil morar no Japão, é preferível dizer que "morar no Japão nos traz enormes oportunidades de aprendizagem, vamos aproveitar?". Pensar assim estimula melhores ações em benefício de uma adaptação favorável ao país.

"Aprender o idioma japonês é complicado"
Se a criança começa uma aprendizagem crendo que será complicado, difícil ou chato, ela perderá a motivação e interresse por aprender. E, para aprender o aspecto emocional é primordial. A gente aprende muito mais rápido e fácil aquilo que a gente ama e vê sentido. Portanto, por mais que tenha e seja difícil para você, jamais coloque pedras no caminho de uma criança. Prefira dizer: "aprender o idioma japonês te exigirá muito esforço, mas também te trará enormes oportunidades. Uma grande porta se abrirá para você se você falar e entender outro idioma. Gambate kudasai!"

"Estamos aqui no Japão só para ganhar dinheiro"
"Só para ganhar dinheiro" transmite a mensagem de que dinheiro é o fator mais importante na sua vida. Crianças querem ser amadas, aceitas e estarem em 1o lugar no coração de seus pais. Você até pode estar aqui pelo dinheiro e crer que está SÓ por ele faz você abrir mão de muitas oportunidades em família.
O que cremos fazemos, lembra-se? Então esteja aqui com propósito de ganhar dinheiro E TAMBÉM viver a família do modo mais pleno possível neste fascinante lugar que te dá oportunidades diferenciadas. É diferente pensar assim, não é? Mas talvez os ajude a fazer sua rotina entre família diferente!

"A escola japonesa não é para crianças estrangeiras"
Alguns pais costumam criticar a escola japonesa por não estar tão preparada ou aberta para as crianças estrangeiras e acabam passando mensagens negativas às crianças. Dizer que "aquela escola não é para estrangeiros" transmite a mensagem de que a criança não pertence e nunca pertencerá aquele espaço educativo. Ela já começará a sua jornada com sentimentos de exclusão, comportando-se possivelmente como um excluído, gerando uma convivência nem tanto harmoniosa, por seus mecanismos de defesa. Ao invés de falar isso, fale abertamente sobre a realidade da escola, como funciona, sobre seu método diferente, a importância da criança aprender e a participar da cultura local e como seu filho pode ser capaz de se incluir. Afinal de contas, se alguns conseguem completar o ensino japonês e ter sucesso acadêmico, é possível ajudar seu filho, dando-lhe as ferramentas, os conhecimentos e as ajudas necessárias.

A partir destes exemplos é possível refletir sobre outras frases que costumamos falar às crianças. A ideia foi mostrar-lhes que mudando a crença, mudam-se as atitudes e as perspectivas.
Um abraço e até a próxima!
(Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição SET/2017)
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