No Japão há muitas
famílias brasileiras que ainda optam por não colocar os filhos na escola. E
isso ocorre de modo legalizado perante a lei japonesa, porque não há
obrigatoriedade no país, de frequência de crianças estrangeiras na escola.
Os motivos para a não
frequência escolar são vários: medo da escola japonesa, discordância com seu
método, inexistência de escola brasileira ou alternativa na cidade, falta de
vontade e interesse de jovens, achar que vai ficar pouco tempo no país (não
valendo à pena o esforço), desistência diante às dificuldades ou medo de
enfrentar o impacto cultural.
Outro motivo, menos
frequente, mas relevante, é a opção por ensinar em casa com outras
alternativas. Ou seja, não é bem deixar a criança fora da escola, sem atividade
sistemática, mas proporcionar a escola dentro de casa.
É sobre esta alternativa
– de trazer a escola para dentro de casa – que vamos abordar nesta edição, na
tentativa de trazer aos pais que não colocam seus filhos nas escolas no Japão
uma luz para ajuda-los.
CRIANÇA PRECISA DE EDUCAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO
Independentemente do
tempo que se permanecerá no país ou das dificuldades de encontrar uma escola
ideal para o filho, é direito da criança um espaço de aprendizagem e
sociabilização. Toda criança precisa e necessita disso para se desenvolver de
forma plena.
Mesmo não falando
fluentemente o idioma japonês, as crianças são capazes de brincar e se
relacionar, primeiro, por meio de sinais, gestos e mímicas, depois com
palavras. É no lúdico e na relação com os outros que a aprendizagem do idioma e
da cultura acontecem rápida a naturalmente. Portanto, acreditem e se acalmem. É
possível viver intra culturas.
ATIVIDADES EDUCATIVAS E DE SOCIALIZAÇÃO ALTERNATIVAS:
Se não quiserem começar
com a escola tradicional, matriculem as crianças em aulas de esportes, música
ou artes, 2 vezes por semana, por exemplo.
Frequentem parques
diariamente com as crianças. Deixem-nas explorar o ambiente, conectarem com
outras crianças, tentarem se relacionar. Elas estarão aprendendo, se
desenvolvendo, se divertindo e se socializando ao mesmo tempo.
“HOMESCHOOLING”
OU EDUCAÇÃO DOMÉSTICA
O “Homeschooling”
(Educação Domiciliar) é um método de ensino que funciona e é legalizado em
diversos países (como Estados Unidos, França, Reino Unido, Irlanda e
Austrália). Ele oferece aos pais a possibilidade de educar seus filhos em casa,
sem a necessidade de matriculá-los em uma escola de ensino regular.
A proposta é dar aos
filhos um ambiente de aprendizagem diferente aos que são apresentados na
escola, mas garantindo os conteúdos.
No caso, ao menos um dos
pais assume a responsabilidade dos estímulos educativos, organizando uma ROTINA
de estudos, pesquisas e interações. As VIVÊNCIAS EDUCATIVAS são em diferentes
lugares: casa, museus, bibliotecas, centros educacionais, clubes, academias,
viagens. Utiliza-se diversos MATERIAIS, escolhidos a critério da família, de
acordo com os temas que são explorados e decididos juntos com as crianças.
Quando preciso,
contrata-se professores particulares ou oficinas educativas separadas, como
aulas de música, esporte, idiomas em escolas específicas para complementar a
aprendizagem.
Pesquisas tem comprovado
que o método garante um desenvolvimento fantástico nas crianças. E muitas
delas, atualmente, vem demonstrando a qualidade do ensino e aprendizado que
receberam quando criança em casa, nos vestibulares e nos empregos que vêm
conquistando.
Mas é preciso que os
pais invistam em conhecimento, se preparem para isso e tenham tempo para se
dedicar.
Quanto mais velha é a
criança, mais difícil é o domínio dos conteúdos a se ensinar pelos pais. Então,
esta pode ser uma opção para pais de crianças pequenas (até 5 anos, por
exemplo).
Uma possível rotina
educativa para a educação infantil, dentro do “Homeschooling” seria:
proporcionar vivencias com leituras de livros, músicas infantis, atividades de
desenvolvimento motor e letramento, natureza, atividades esportivas e
artísticas, idiomas, divididas nos dias da semana. Muitos materiais para esta
faixa etária são disponíveis gratuitamente na internet. As prefeituras também
costumam ter centro de estrangeiros, onde aulas de idiomas e cultura japonesa
para criança são oferecidas.
Mas, lembrando, que o
familiar educador precisa se capacitar para isso. Caso ele não seja capacitado,
o ideal sempre será colocar a criança na escola infantil formal.
ESCOLA BRASILEIRA À
DISTÂNCIA
Uma opção mais fácil
para quem não se sente à vontade em preparar atividades educativas é contratar
o material da Escola Brasileira à Distância da Escola Anglo Americano.
Através do CIER – Centro
Internacional de Estudos Regulares a Distância, a escola oferece atividades
escolares (Educação Infantil ao Ensino Médio) para crianças que estão fora do
Brasil ou vivem em locais onde não têm acesso à escola brasileira.
Algumas famílias
brasileiras no Japão ajudam os filhos a estudarem em casa, na realização das
lições propostas pela equipe de professores online, de acordo com a sua série
escolar. As apostilas vêm pelo correio e provas são feitas periodicamente para
avaliar o desempenho do aluno.
No final de um ciclo ele
recebe o certificado pelo MEC do ano escolar brasileiro. Quando retorna ao
Brasil, não há qualquer problema burocrático no ingresso escolar.
Já para compensar o lado
motor e de relacionamento, as crianças são matriculadas em escolas de esportes
e outras oficinas do interesse, como desenho ou música para contribuir nos
aspectos que o estudo em casa falha.
Algumas famílias usam
este método (com ajuda das mães ou de um brasileiro contratado) e dizem que o
desafio é ajudar os filhos a falarem japonês, pois como estudam só em
português, tem pouca oportunidade para treinar o idioma, caso façam poucas
atividades extras no país. Então, é preciso ficar atentos no aprendizado do
idioma e na garantia das atividades sociais.
O preço deste curso
também não é muito atraente, mas é uma possibilidade para quem precisa e não
tem alternativa melhor.
CONCLUINDO
·
Não
são todas as crianças brasileiras no Japão que estão fora da escola
simplesmente ao relento. Algumas estão
realmente tentando alguma outra alternativa;
·
Estas
podem ser algumas opções para famílias que, seja lá qual for o motivo, não
conseguem inserir os filhos numa escola japonesa e não tem outra alternativa;
·
Também
podem servir de inspiração para que os pais aprimorem suas capacidades
educadoras;
·
E,
de forma alguma, estas experiências devem estimular os pais a tirarem seus
filhos da escola se já estão adaptados, especialmente se a família já sabe que
viverá por aqui por longo tempo;
Você conhece alguma
criança fora da escola no Japão? O que será que elas têm feito? Estão estudando
em casa, ou “abandonadas ao léu”?
Há caminhos para elas!
Inspire uma família, compartilhando alternativas!