terça-feira, 31 de julho de 2018

BRASILEIRINHOS FORA DA ESCOLA NO JAPÃO: QUAIS ALTERNATIVAS ELES TÊM?


No Japão há muitas famílias brasileiras que ainda optam por não colocar os filhos na escola. E isso ocorre de modo legalizado perante a lei japonesa, porque não há obrigatoriedade no país, de frequência de crianças estrangeiras na escola.
Os motivos para a não frequência escolar são vários: medo da escola japonesa, discordância com seu método, inexistência de escola brasileira ou alternativa na cidade, falta de vontade e interesse de jovens, achar que vai ficar pouco tempo no país (não valendo à pena o esforço), desistência diante às dificuldades ou medo de enfrentar o impacto cultural.
Outro motivo, menos frequente, mas relevante, é a opção por ensinar em casa com outras alternativas. Ou seja, não é bem deixar a criança fora da escola, sem atividade sistemática, mas proporcionar a escola dentro de casa.
É sobre esta alternativa – de trazer a escola para dentro de casa – que vamos abordar nesta edição, na tentativa de trazer aos pais que não colocam seus filhos nas escolas no Japão uma luz para ajuda-los.
CRIANÇA PRECISA DE EDUCAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO
Independentemente do tempo que se permanecerá no país ou das dificuldades de encontrar uma escola ideal para o filho, é direito da criança um espaço de aprendizagem e sociabilização. Toda criança precisa e necessita disso para se desenvolver de forma plena.
Mesmo não falando fluentemente o idioma japonês, as crianças são capazes de brincar e se relacionar, primeiro, por meio de sinais, gestos e mímicas, depois com palavras. É no lúdico e na relação com os outros que a aprendizagem do idioma e da cultura acontecem rápida a naturalmente. Portanto, acreditem e se acalmem. É possível viver intra culturas.
ATIVIDADES EDUCATIVAS E DE SOCIALIZAÇÃO ALTERNATIVAS:
Se não quiserem começar com a escola tradicional, matriculem as crianças em aulas de esportes, música ou artes, 2 vezes por semana, por exemplo.
Frequentem parques diariamente com as crianças. Deixem-nas explorar o ambiente, conectarem com outras crianças, tentarem se relacionar. Elas estarão aprendendo, se desenvolvendo, se divertindo e se socializando ao mesmo tempo.
  “HOMESCHOOLING” OU EDUCAÇÃO DOMÉSTICA
O “Homeschooling” (Educação Domiciliar) é um método de ensino que funciona e é legalizado em diversos países (como Estados Unidos, França, Reino Unido, Irlanda e Austrália). Ele oferece aos pais a possibilidade de educar seus filhos em casa, sem a necessidade de matriculá-los em uma escola de ensino regular.
A proposta é dar aos filhos um ambiente de aprendizagem diferente aos que são apresentados na escola, mas garantindo os conteúdos.
No caso, ao menos um dos pais assume a responsabilidade dos estímulos educativos, organizando uma ROTINA de estudos, pesquisas e interações. As VIVÊNCIAS EDUCATIVAS são em diferentes lugares: casa, museus, bibliotecas, centros educacionais, clubes, academias, viagens. Utiliza-se diversos MATERIAIS, escolhidos a critério da família, de acordo com os temas que são explorados e decididos juntos com as crianças.
Quando preciso, contrata-se professores particulares ou oficinas educativas separadas, como aulas de música, esporte, idiomas em escolas específicas para complementar a aprendizagem.
Pesquisas tem comprovado que o método garante um desenvolvimento fantástico nas crianças. E muitas delas, atualmente, vem demonstrando a qualidade do ensino e aprendizado que receberam quando criança em casa, nos vestibulares e nos empregos que vêm conquistando.
Mas é preciso que os pais invistam em conhecimento, se preparem para isso e tenham tempo para se dedicar.
Quanto mais velha é a criança, mais difícil é o domínio dos conteúdos a se ensinar pelos pais. Então, esta pode ser uma opção para pais de crianças pequenas (até 5 anos, por exemplo).
Uma possível rotina educativa para a educação infantil, dentro do “Homeschooling” seria: proporcionar vivencias com leituras de livros, músicas infantis, atividades de desenvolvimento motor e letramento, natureza, atividades esportivas e artísticas, idiomas, divididas nos dias da semana. Muitos materiais para esta faixa etária são disponíveis gratuitamente na internet. As prefeituras também costumam ter centro de estrangeiros, onde aulas de idiomas e cultura japonesa para criança são oferecidas.
Mas, lembrando, que o familiar educador precisa se capacitar para isso. Caso ele não seja capacitado, o ideal sempre será colocar a criança na escola infantil formal.
ESCOLA BRASILEIRA À DISTÂNCIA
Uma opção mais fácil para quem não se sente à vontade em preparar atividades educativas é contratar o material da Escola Brasileira à Distância da Escola Anglo Americano.
Através do CIER – Centro Internacional de Estudos Regulares a Distância, a escola oferece atividades escolares (Educação Infantil ao Ensino Médio) para crianças que estão fora do Brasil ou vivem em locais onde não têm acesso à escola brasileira.
Algumas famílias brasileiras no Japão ajudam os filhos a estudarem em casa, na realização das lições propostas pela equipe de professores online, de acordo com a sua série escolar. As apostilas vêm pelo correio e provas são feitas periodicamente para avaliar o desempenho do aluno.
No final de um ciclo ele recebe o certificado pelo MEC do ano escolar brasileiro. Quando retorna ao Brasil, não há qualquer problema burocrático no ingresso escolar.
Já para compensar o lado motor e de relacionamento, as crianças são matriculadas em escolas de esportes e outras oficinas do interesse, como desenho ou música para contribuir nos aspectos que o estudo em casa falha.
Algumas famílias usam este método (com ajuda das mães ou de um brasileiro contratado) e dizem que o desafio é ajudar os filhos a falarem japonês, pois como estudam só em português, tem pouca oportunidade para treinar o idioma, caso façam poucas atividades extras no país. Então, é preciso ficar atentos no aprendizado do idioma e na garantia das atividades sociais.
O preço deste curso também não é muito atraente, mas é uma possibilidade para quem precisa e não tem alternativa melhor.
CONCLUINDO
·        Não são todas as crianças brasileiras no Japão que estão fora da escola simplesmente ao relento. Algumas estão realmente tentando alguma outra alternativa;
·        Estas podem ser algumas opções para famílias que, seja lá qual for o motivo, não conseguem inserir os filhos numa escola japonesa e não tem outra alternativa;
·        Também podem servir de inspiração para que os pais aprimorem suas capacidades educadoras;
·        E, de forma alguma, estas experiências devem estimular os pais a tirarem seus filhos da escola se já estão adaptados, especialmente se a família já sabe que viverá por aqui por longo tempo;
Você conhece alguma criança fora da escola no Japão? O que será que elas têm feito? Estão estudando em casa, ou “abandonadas ao léu”?
Há caminhos para elas! Inspire uma família, compartilhando alternativas!
 (Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição JUL/2017)

 Resultado de imagem para homeschooling japao


Ajude o seu filho a não ser um agressor



 O bullying ou ijime é um comportamento violento, continuado ao longo do tempo, em que há a intenção clara de afligir, intimidar ou agredir outra pessoa. É um abuso sistemático de poder e pode acontecer em qualquer lugar: escola, empresa, etc.
Esses maus tratos são comuns no Japão e assustam as famílias. Mas quem acha que somente os japoneses cometem o “ijime” está enganado. Existem muitos relatos de crianças e jovens brasileiros que moram no Japão que cometem “bullying” nos outros brasileirinhos. Geralmente os intimidam por estarem num nível de adaptação menor, os envergonham publicamente na busca de firmarem espaço e poder entre os colegas japoneses.
Então, além de se preocuparem com a vitimização dos maus tratos, é importante que os pais fiquem de olho se os próprios filhos não são os agressores.
Para ajuda-los fiquem de olho nessas dicas: 
De modo geral, crianças ou adultos que cometem bullying são pessoas que:
  • Não aprenderam a transformar sua raiva em diálogo;
  • Não se importam com o sofrimento do outro. Pelo contrário, sentem-se satisfeitas com a opressão do agredido, supondo ou antecipando quão dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima.
  • Tem baixa autoestima, no fundo sentem-se infelizes, incapazes ou rejeitadas;
  • Escondem algum medo ou frustração por trás.
Geralmente, cometem atos repetidos de humilhação e depreciação para:
  • Tentarem ser mais populares no grupo;
  • Tentarem obter uma boa imagem de si mesmo;
  • Esconderem os próprios medos;
  • Tornar outras pessoas infelizes (como ele);
  • Vitimar outras pessoas por terem sido vítimas de alguém no passado.
É possível ajudar uma criança para evitar que ela seja um agressor. Veja algumas dicas:
  • Faça um autoexame sobre suas ações do dia-a-dia. Para uma criança deixe claro quais são as ações que humilham, depreciam e agridem as pessoas. Ensine o que é bulllying;
  • Identifique ou ajude as crianças a identificarem as próprias inseguranças;
  • Reflitam como se sente ao intimidar os outros. Se houver prazer, identificar porquê ver o outro sofrendo dá prazer e encontrar outras formas de resolver as próprias dores que são sanadas de forma errada com o sofrimento do outro;
  • Ajude os filhos a fazer novas amizades e evitar encontrar com pessoas que exercem má influência;
  • Pratique empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro;
  • Pratique elogios. Façam mais elogios uns aos outros e reflitam sobre as consequências disso;
  • Busque ter opiniões positivas sobre si ou ajude os filhos nesta tarefa, mostrando-lhes concretamente seus pontos positivos, suas potencialidades, etc.
  • Dialoguem com os filhos, ensinando-os a resolver conflitos numa conversa. Não transmitam excesso de raiva, impaciência e incômodo em relação aos filhos. Ajude-os a se sentirem amados e aceitos. Pesquisas revelam que filhos rejeitados pelos pais tendem a ser agressivos e fazer bullying em outras pessoas.
  • Busque corrigir os erros, pedindo desculpas. No caso de crianças, os pais devem ser firmes em exigir esta postura.
  • Procure um profissional especializado em último caso.
Táticas para ajudar as vítimas de bullying são muitas, embora não sejam fáceis. Difícil é tratar o assunto e buscar alternativas que ajudem (além de punir) quem comete estes atos de covardia.
Isso pode acontecer com qualquer família e os pais precisam estar atentos para garantir que os filhos não tenham o perfil de quem comete bulllying.
Vamos lutar por uma cultura de paz e inclusão!
Ganbatte Kudasai!
 (Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição JUN/2017)

Resultado de imagem para ijime

Como não ser vítima de “ijime” na escola


 “Ijime” é como se chama o “bullying” no Japão e é hoje, infelizmente, um grave problema nas escolas japonesas.
Os maus tratos geralmente são: agressões verbais, físicas e psicológicas e muitas crianças abandonam a escola por medo dessas agressões, quando não tiram suas vidas.
Esse é, sem dúvida, um problema que causa grande receio aos pais brasileiros no Japão, ao colocar seus filhos nas escolas. Por isso, nesta edição, vamos trazer informações sobre quem geralmente são as vítimas de “ijime” e como ajuda-las a sair deste perfil.

O perfil das vítimas de “ijime” e como ajudá-las 
– São alunos que possuem certa “fragilidade” psicológica, física ou social
Os estrangeiros ou mestiços podem, à primeira vista, serem reconhecidos ou se mostrarem alguém com certa “fragilidade” por terem suas caraterísticas físicas e comportamentais diferentes.
Certas crianças podem ficar inseguras e se sentirem “frágeis” ou “amedrontadas” por estarem num ambiente diferente, cujo idioma ou padrão de comportamento não domina.
Num país onde “prego que se destaca é martelado”, segundo o ditado popular japonês, estes alunos são “presas” fáceis para outros alunos que sentem prazer em diminuir e violentar os outros para se sentirem mais fortes, poderosos e ganharem certo “status” no grupo.
Por isso, é importante que os pais deem estrutura psicológica aos seus filhos, a ponto deles se respeitarem como um aprendiz, diminuindo as culpas pelas dificuldades e os medos, fortalecendo-os emocionalmente.
– São alunos que possuem situação socioeconômica desfavorável e se envergonham disso
A comparação entre as condições sociais e econômicas entre os alunos e a profissão dos pais pode iniciar um processo de intimidação.
Ensine os filhos a valorizarem o que tem e o que são, com as condições que a família possuem. Assim, não se sentirão rebaixados ou diminuídos com alguma piada, fragilizando-se perante alguém.
– São alunos que não delatam os maus tratos
A perpetuação do “ijime” ocorre quando o aluno não conta sobre seu sofrimento. Dialogue sempre com os filhos, dando abertura e oportunidade para que eles contem como estão se sentindo na escola, com os colegas e professores.
– São alunos que se sentem culpados e envergonhados pelas dificuldades ou deficiências
O sentimento de culpa e vergonha deixa o aluno fragilizado, com dificuldades em se defender e sensação de incômodo frente as piadas ou frases que o diminuem enquanto pessoa.
Motive os filhos, dê suporte extra para aprendizagem do idioma ou de outras disciplinas escolares e não os pressione para uma rápida adaptação. Ajude-os a não ter vergonha de ser diferente. Utilize livros ou filmes para abordar a importância das diferenças, se for preciso.
– São alunos que tem baixa autoestima
Com baixa autoestima o aluno não acredita no seu potencial de desenvolvimento, adaptação e superação de conflitos. Não suporta ser excluído e torna-se uma vítima fácil do “bullying”.
Estejam atentos aos filhos, dando carinho, atenção, elogiando-os em todo progresso. Ajudem-os a amarem e a respeitarem a si mesmos.
– São alunos que não acreditam nas autoridades escolares para coibir os maus tratos.
Por não acreditar, não contam e acabam por continuarem sendo vítimas do “ijime”.
Sejam presentes na escola, dialoguem com os professores, investiguem os relacionamentos dos filhos e conversem com eles, dando sempre espaço para o diálogo. Aja sempre que necessário.
Fiquem perto e sejam presentes na vida dos filhos! Apesar de assustar, é possível superar os desafios do “ijime” que é um mal mundial hoje a ser combatido.
Um abraço fraterno!
(Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição de MAI/2017)

Resultado de imagem para ijime

20 perguntas que estimulam o diálogo entre pais e filhos


Dialogar com os filhos parece fácil mas não é muito, pois exige boas perguntas para estimular respostas com bons conteúdos.
E um bom nível de conversa entre pais e filhos estimulado desde criança ajuda no bom relacionamento na época da juventude e na vida adulta dos filhos.
Vamos a um exemplo comum. A pergunta "como foi a escola hoje?" geralmente estimula respostas do tipo "boa", "legal" ou "normal"... E é esse nível de diálogo que faz muitos pais reclamarem da dificuldade em conversar com seus filhos. Perguntas amplas, respostas curtas.
As dificuldades ainda pioram quando os filhos estão estudando num sistema escolar e cultural um tanto desconhecido para os pais. Isso quando as crianças já não estão falando outra língua com mais fluência do que a dos pais, como é o caso de muitas crianças no Japão.
Para ajudá-los nesse relacionamento de conhecimento profundo entre pais e filhos, favorecendo estratégias de orientação e estimulando o companheirismo e o diálogo no futuro, trago hoje algumas boas perguntas que geram boas respostas para começar um bom diálogo!
Mas é preciso também ter um tempo para se relacionar com os filhos. Trabalhar é preciso, mas é necessário também reservar um tempo para as crianças.

Vamos lá:
  • O que você sente e pensa ao saber que eu te amo?
  • O que você pensa sobre o fato de as pessoas serem diferentes umas das outras?
  • Se você pudesse aumentar e diminuir a quantidade de alguma coisa do mundo, o que escolheria?
  • Você acha que carrinho é brinquedo de menino e boneca, de menina? Por quê?
  • Se você fosse um super herói ou heroína, qual seria? Por que?
  • O que te deixa com muita raiva?
  • O que te deixa muito feliz?
  • Se você pudesse contar para alguém o que aconteceu de melhor hoje na escola, o que seria?
  • O que fez valer a pena ter ido à escola hoje?
  • Quem sentou mais perto de você hoje? Com quem você mais brincou hoje? Quem está mais longe de você na escola?
  • Se você pudesse me dizer uma coisa que você fez hoje e se divertiu muito, o que seria?
  • De todos os colegas, qual foi o mais atencioso/engraçado/ divertido/ amigo/ alegre/ etc. hoje?
  • Qual o professor deu a melhor aula hoje e por quê?
  • Você hoje sentiu algum sentimento ruim, diferente? Qual foi? Me conta.
  • Dos deveres/ exercícios/ leituras/atividades qual foi o melhor do dia de hoje?
  • De 0 a 10, qual nota você se dá para o seu empenho, dedicação e participação na escola hoje? O que você fez para se dar esta nota? O que faltou para ser 10?
  • O que você pode fazer para que o dia de amanhã seja ainda melhor que o de hoje?
  • Se dependesse só de você ajudar a sua turma a ser mais amiga, o que você faria?
  • Se você pudesse colaborar com um colega na escola que precisasse de ajuda, quem seria, por quê e como ajudaria?
  • Se dependesse só de você para sua escola ser mais feliz, o que você faria?


Existem inúmeras outras perguntas que podem ser feitas e que estimulam respostas com bons conteúdos. É preciso ser criativo, colocar-se no lugar da criança e lançar as perguntas em tom de paz e amizade.
Todas essas perguntas estimulam respostas que dão muitas oportunidades para vocês conversarem com os filhos sobre as experiências no Japão.
Tentem, experimentem. Criem o hábito de dialogar com seus filhos. Vocês são os melhores amigos deles!
(Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição AGO/2017)
Resultado de imagem para pais filhos japao




5 crenças limitantes que não se deve falar para uma criança que vive no Japão


Chamamos de "Crenças limitantes" aquelas crenças que temos sobre a vida que foram resultados de interpretações negativas das experiências que vivemos. Dessa forma, quando passamos novamente por situações parecidas com o que vivenciamos, nossas decisões sofrem influências daquele padrão, impedindo a mudança de paradigmas.
Praticamente falando, são as crenças que movem nossas ações. Se acreditamos que somos boas pessoas, vamos nos esforçar em fazer ações boas e isso trará bons resultados reforçando nossa tese de que somos boas pessoas.
Por outro lado, se acreditamos que somos desorganizados, outro exemplo, vamos tolerar a desorganização e protelar ações de organização. Isso manterá a bagunça reforçando nossa crença de que somos desorganizados.
Crenças movem as nossas ações e aquilo que a gente crê a gente faz. E o que a gente faz a gente vê. E quando a gente vê a gente acredita de novo, reforçando nossas crenças, mantendo um paradigma.
Agora vamos aos exemplos da vida de um brasileiro no Japão.
Selecionei 5 frases comuns que estrangeiros costumam falar sobre a vida no Japão e muitos falam, inclusive, para seus filhos.
Vou explicar o motivo para vocês evitarem falar isso para as crianças:

"Japoneses são pessoas difíceis"
Essa frase rotula e generaliza a condição do japonês reforçando outra crença de que será muito difícil fazer amigos ou conviver com um japonês. Se a criança acredita nisso ela, de imediato, passará a ter comportamentos de esquiva e falta de esperança em conseguir conviver com eles, não se esforçando com a esperança e o prazer necessários para se integrar rapidamente à comunidade japonesa.
Ao invés de crer e falar assim é preferível dizer: "pessoas são diferentes entre si, possuem maneiras de pensar e agir diferentes, é o caso de japoneses e brasileiros, e isso pode nos ajudar a aprender modos diferentes de ser. Como podemos conviver melhor com um japonês?"

"Morar no Japão não é fácil"
Pode ter sido difícil para muitos, mas não é uma regra. Portanto, dizer que não é fácil é novamente engessar uma crença de que haverá sofrimento. Ao invés de pensar que haverá dor e sofrimento, é preferível planejar uma vida com desafios motivadores. Ou seja, ao invés de dizer que não é fácil morar no Japão, é preferível dizer que "morar no Japão nos traz enormes oportunidades de aprendizagem, vamos aproveitar?". Pensar assim estimula melhores ações em benefício de uma adaptação favorável ao país.

"Aprender o idioma japonês é complicado"
Se a criança começa uma aprendizagem crendo que será complicado, difícil ou chato, ela perderá a motivação e interresse por aprender. E, para aprender o aspecto emocional é primordial. A gente aprende muito mais rápido e fácil aquilo que a gente ama e vê sentido. Portanto, por mais que tenha e seja difícil para você, jamais coloque pedras no caminho de uma criança. Prefira dizer: "aprender o idioma japonês te exigirá muito esforço, mas também te trará enormes oportunidades. Uma grande porta se abrirá para você se você falar e entender outro idioma. Gambate kudasai!"

"Estamos aqui no Japão só para ganhar dinheiro"
"Só para ganhar dinheiro" transmite a mensagem de que dinheiro é o fator mais importante na sua vida. Crianças querem ser amadas, aceitas e estarem em 1o lugar no coração de seus pais. Você até pode estar aqui pelo dinheiro e crer que está SÓ por ele faz você abrir mão de muitas oportunidades em família.
O que cremos fazemos, lembra-se? Então esteja aqui com propósito de ganhar dinheiro E TAMBÉM viver a família do modo mais pleno possível neste fascinante lugar que te dá oportunidades diferenciadas. É diferente pensar assim, não é? Mas talvez os ajude a fazer sua rotina entre família diferente!

"A escola japonesa não é para crianças estrangeiras"
Alguns pais costumam criticar a escola japonesa por não estar tão preparada ou aberta para as crianças estrangeiras e acabam passando mensagens negativas às crianças. Dizer que "aquela escola não é para estrangeiros" transmite a mensagem de que a criança não pertence e nunca pertencerá aquele espaço educativo. Ela já começará a sua jornada com sentimentos de exclusão, comportando-se possivelmente como um excluído, gerando uma convivência nem tanto harmoniosa, por seus mecanismos de defesa. Ao invés de falar isso, fale abertamente sobre a realidade da escola, como funciona, sobre seu método diferente, a importância da criança aprender e a participar da cultura local e como seu filho pode ser capaz de se incluir. Afinal de contas, se alguns conseguem completar o ensino japonês e ter sucesso acadêmico, é possível ajudar seu filho, dando-lhe as ferramentas, os conhecimentos e as ajudas necessárias.

A partir destes exemplos é possível refletir sobre outras frases que costumamos falar às crianças. A ideia foi mostrar-lhes que mudando a crença, mudam-se as atitudes e as perspectivas.
Um abraço e até a próxima!
(Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição SET/2017)
Resultado de imagem para feche a boca

Tarefas escolares: como os pais podem ajudar mesmo não dominando o idioma japonês


Tarefas de casas são atividades que tem a função de sistematizar conhecimentos, ampliar saberes e capacidade de investigação.
A autonomia no estudo fora da escola é uma ação que se adquire progressivamente, de acordo com a idade e depende muito do apoio dos familiares, que devem ajudar a criança e o adolescente a se organizar diariamente para isso.
No Japão, as tarefas de casa são constantes e costumam exigir disciplina dos alunos e ajuda dos familiares ou professores particulares. Muitos pais brasileiros que não tem muita familiaridade com o sistema japonês ou com o idioma se preocupam demasiadamente, especialmente se trabalham ambos por longas horas no dia.
No entanto, estudos mostram que, mesmo pais analfabetos são capazes de apoiar os filhos nas tarefas escolares em casa, com muito resultado positivo na vida acadêmica do aluno, pois a função primordial dos pais nas tarefas não é corrigi-la, mas sim dar estímulo afetivo para despertar o interesse pelos estudos.
Desta forma, pais que não falam fluentemente o idioma do país e que também desconhecem muitas matérias escolares da escola japonesa, como é o caso de muitos brasileiros no Japão, podem sim ter papel fundamental de contribuição na vida escolar dos filhos.

VEJA ALGUMAS DICAS:
·        
      Faça planos de estudos com seu filho: Considere o ritmo e estilo de aprendizagem do seu filho e ajude-o a estabelecer uma rotina diária com metas pessoais de estudo. Façam juntos um calendário semanal de atividades, com horários, de um tamanho grande que possa ficar exposto em algum lugar da casa
·        Acompanhe: Reserve um tempo na sua agenda para acompanhar as produções da sua criança dialogando sobre as aprendizagens da semana, compreendendo o que tem sido fácil e o que tem sido muito desafiador, procurando saber quando serão as próximas provas, identificando se há necessidade de ajudas extras e externas à escola
·        Tenha uma escuta atenta: Ouça-a sobre suas produções e se interesse pelo que elas estão estudando
·      Ajude-os a cuidar do ambiente de estudo: Não deixe que a lição de casa seja feita de qualquer jeito, na frente da televisão ou na pressão. Ajude a manter um ambiente propício para estímulo, concentração e foco nas atividades
·    Disponibilize materiais complementares, como dicionários, mapas, fitas métricas, calendários, livros literários e jogos para os anos iniciais. Eles podem auxiliar os estudos e facilitar o entendimento de alguns conceitos e atividades.
·    Frequente bibliotecas, cinemas, museus e outros espaços culturais que enriqueçam as práticas realizadas na escola, instiguem a curiosidade e ampliem o repertório deles. Nas bibliotecas do Japão existem também livros estrangeiros e frequentemente são achados livros em português. Experimentem uma visita!
·        Estabeleça uma rotina de comunicação, seja presencial ou à distância, com a escola e saiba como está o desempenho do seu filho. Esse contato pode ser por telefone, e-mail ou mesmo por meio da agenda. Não hesite em pedir ajuda a um intérprete, se necessário
·        Aprecie e valorize: Aprecie e valorize o que as crianças desenvolvem na escola fortalecendo a relação, incentivando-as a se dedicarem mais aos estudos
·        Observe se ele está enfrentando alguma dificuldade. Em caso afirmativo, procure a instituição que ele estuda, compartilhe as suas percepções, peça orientações mais específicas e busque saber sobre possíveis planos de apoio pedagógico
·        Busque ajudas voluntárias aos Centros de estrangeiros na sua prefeitura. É comum encontrar grupos de voluntários que dão aula de japonês e fazem acompanhamento das tarefas escolares gratuitamente para estrangeiros na cidade. Procure por estes grupos na sua prefeitura
·        Deixe-o no “Gakudou Hoiku”. É como se chama o local onde as crianças vão depois da escola quando os pais não estão em casa ainda (geralmente estão trabalhando). Lá além de outras atividades, os profissionais ajudam também nas tarefas escolares.

VEJA TAMBEM ALGUNS CUIDADOS QUE VOCÊS DEVEM TOMAR DURANTE AS TAREFAS:
·        Fique com a criança, mas não o tempo todo
·        Não faça nada no lugar dela
·        Cuidado com as cobranças
·        Não se preocupe exageradamente com os erros. A correção é papel do professor

Lembrem-se que o papel dos pais é muito mais no estímulo afetivo para motivar os estudos do que ensinar e corrigir, portanto você, sim, é capaz de ajudar seus filhos no seu processo de aprendizagem, basta reservar um tempo e querer!
Invista, vale a pena!

(Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição Nov/2017)
Resultado de imagem para tarefa escolar japaot


5 Surpresas educativas e culturais para crianças no Japão, na noite de Natal


O Natal é uma data muito importante, de cunho religioso para muitos países cristãos, especialmente o Brasil. O espírito natalino impulsiona a generosidade, a fraternidade, os valores cristãos e a convivência familiar.
No Japão, o Natal é um “feriado importado”. Belas decorações e produtos natalinos já podem ser facilmente encontrados para impulsionar as vendas. Mas o amor também é celebrado nesta data, apesar de não ter cunho religioso, os presentes e as festas ganham cada vez mais espaço no país.
Seja convivendo com a família ou entre amigos, o fato é que para os brasileiros, esta festa é importante e as crianças, geralmente, esperam presentes e comemoração típica.
Na edição de dezembro de 2016 demos dicas de presentes educativos para cada faixa etária. Vale à pena rever a coluna para ter boas ideias!
Neste ano, as dicas são de atividades surpresas para serem feitas com crianças, com intuito de divertir e proporcionar ensinamento. Vamos lá:

TEATRO NATALINO – criatividade, espontaneidade e afetividade
Convide as crianças para, juntos vocês fazerem uma peça teatral sobre o nascimento de Jesus. Convide outros adultos para ajudarem. Separe um personagem para cada um. As crianças vão adorar encenar com a família e ainda aprender mais sobre o Natal. Essa é uma atividade para aprimorar a criatividade, espontaneidade e afetividade entre os familiares.

APRENDENDO A SER GRATO – gratidão e estímulo ao português
Entregue às crianças pequenos cartões. Em cada cartão, peça para elas escreverem um motivo pelo qual elas tem para agradecer. Vale qualquer motivo, mas tem que ser em português! Ajude-as, se precisarem! Faça um furo na parte superior do cartão e pendure na árvore. Além de ensinar as crianças a serem gratas, é um bom momento para estimular a escrita da língua portuguesa!

RODA DE HISTÓRIAS – valorização da cultura familiar
Convide as crianças, e outros adultos que quiserem participar, para sentarem em roda no chão. A ideia é fazer uma rodada de histórias sobre outras festas de Natal, podendo ser real ou não. O interessante é poder, nesta roda, aparecer, entre os adultos, histórias reais, levando as crianças a conhecerem o passado de seus familiares, seja no Japão ou, especialmente no Brasil. Essa atividade é muito interessante para ensinar e valorizar a cultura dos familiares brasileiros.

CAÇA AO TESOURO DO PAPAI NOEL BRINCALHÃO - autoestima
Papai Noel resolveu brincar com a criançada e deixou os presentes espalhados pela casa, escondidos com um bilhete. Como num caça ao tesouro, as pistas dos locais de cada presente devem ser descritivas da personalidade de cada criança, com elogios sobre ela. Os bilhetinhos devem conter mais elogios que o Papai Noel “escutou” de seus familiares. Essa é uma atividade que eleva a autoestima das crianças.

MEIAS MÁGICAS INTERCULTURAIS – valorização da cultura brasileira 
Peça para as crianças deixarem meias penduradas na porta de casa antes de dormir. Junto com as meias, deixe uma bandeirinha do Brasil pintadas por eles mesmos. Diga que este é um sinal para o Papai Noel passar e deixar presentes do Brasil. Quando eles acordarem, ansiosos, verão que dentro de suas meias tem doces brasileiros (que podem ser comprados por vocês em supermercados brasileiros no Japão) e cartinhas do Papai Noel escritas em português. Mais uma vez a cultura familiar pode ser vivenciada.

Essas e outras brincadeiras podem ser feitas e adaptadas para tornar a noite de Natal mais divertida.
Espero que seja uma celebração com muito amor envolvido!
Feliz Natal a todos e um ano de muitas realizações!
(Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição de Dezembro/2017)
Resultado de imagem para Natal no Japao crianças