quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Resultados das minha pesquisa da pós graduação: 32 atitudes dos pais que ajudaram os filhos estrangeiros na escola japonesa

Quero, hoje, contar-lhes sobre uma pesquisa recente e fresquinha que eu acabei de finalizar com a Universidade Católica de Brasília (com polo em Tóquio) para conclusão da Pós-Graduação em Psicopedagogia. No final do texto, seria muito importante se você pudesse interagir conosco.

Há muitos anos, temos notado (eu e outros pesquisadores no país) que grande parte das famílias brasileiras se preocupam com os desafios de colocar seus filhos nas escolas japonesas.

Junto com este dado, observamos que, de fato, há um grande número de evasão escolar, basicamente por dois motivos: dificuldades de adaptação do aluno brasileiro no sistema japonês e dificuldades dos próprios pais em ajudar seus filhos.

Por conta desta evasão temos no Japão o maior número de casos de delinquência juvenil de brasileiros no exterior.

Além disso, detectamos que os jovens que abandonam os estudos ficam fadados às oportunidades marginalizadas do país.

Preocupada com este quadro e com desejo de ajudar os pais no Japão, elaboramos uma pesquisa que pudesse indicar quais as competências (conhecimentos, habilidades e estratégias) que pais deveriam ter para ajudar no processo de adaptação e rendimento nos primeiros anos escolares dos filhos neste país.

Para isso fizemos um longo e dedicado estudo, seguido de algumas entrevistas.

5 mães, 5 alunos do Chugakko (antigo ginásio) e 5 profissionais (entre eles psicólogas, psicopedagoga, tradutores e professores) participaram desta pesquisa acadêmica.

O resultado foi sensacional!

Descobrimos uma lista de 32 atitudes que os pais desenvolveram que ajudaram na adaptação e rendimento escolar de seus filhos. Estes dados sugeriram uma “competência paterna” que os estrangeiros precisariam ter para ajudar seus filhos nas escolas japonesas.

Estas atitudes representam a soma de 5 conhecimentos aprendidos, 14 habilidades desenvolvidas e 13 estratégias realizadas.

Confira quais são eles:

5 conhecimentos

Saber o idioma japonês: fala, leitura e escrita;
Conhecer as características e necessidades de cada faixa etária e série escolar;
Conhecer o Sistema Educacional Japonês: seu funcionamento, as regras, os objetivos, os conteúdos.
Conhecer a cultura japonesa;
Entender a realidade e o universo infantil japonês. Quais desenhos, brincadeiras, músicas, histórias preferidas as crianças japonesas gostam? Que tipo de vestimenta elas usam? Como elas se comportam?

14 habilidades

Ajudar nas lições de casa;
Ler todas as correspondências enviadas pela escola;
Trocar informações constantemente com a escola;
Respeitar as regras da escola;
Se relacionar com os pais dos colegas;
Trocar experiências com outros pais estrangeiros;
Incentivar e apoiar os filhos frente aos desafios, acreditando em seu potencial de superação;
Incentivar a apoiar os filhos na realização do reforço escolar, se for preciso;
Incentivar a apoiar os filhos a fazer amizades com crianças japonesas;
Dialogar constantemente com os filhos, estreitando a relação diariamente;
Estar atento ao rendimento escolar do filho, bem como as mudanças emocionais.
Não pressionar a criança. Respeite o seu tempo de aprendizagem e adaptação;
Cultivar uma cultura de estudos em casa, estimulando o filho nas aprendizagens;
Adaptar os estudos do filho de acordo com as suas necessidades individuais;

13 estratégias

Matricular o filho em alguma escola de adaptação antes de entrar no Shougakko (ensino fundamental);
Matricular a criança em escolas de reforço do idioma japonês depois da entrada na escola, se necessário;
Organizar a jornada de trabalho dos pais, de forma com que ao menos um familiar consiga ter mais tempo com o filho estudante, ajudando-o nas lições de casa e participando de eventos escolares;
Estar presente em todos os eventos escolares possíveis;
Buscar auxilio de profissionais intérpretes ou tradutores voluntários ou particulares, se os pais não dominam o idioma japonês;
Assistir a programas de televisão, filmes e desenhos japoneses em família, garantindo a familiaridade com a cultura, os assuntos e o idioma do país;
Promover atividades de relaxamento e descanso diários ou semanais;
Complementar as tarefas escolares em casa com atividades com o mesmo objetivo em português, se esta for a língua que a criança se sente mais confortável;
Buscar junto à comunidade escolar (professores, diretores, pais de alunos) alternativas de apoio ao filho, num trabalho feito em parceria;
Apresentar a cultura e hábitos brasileiros à escola, em momentos oportunos;
Fazer um planejamento financeiro;
Procurar auxílio de ONGs, prefeituras ou órgão governamentais do Brasil no Japão para receber suporte psicológico ou educacional de graça.
Adaptar a vestimenta e o corte de cabelo dos filhos para um estilo mais parecido com as crianças japoneses, se esta for uma necessidade e desejo deles.
Esta pesquisa foi tão interessante que finaliza na sugestão da elaboração de uma série de publicações que explique o passo-a-passo de alguns destes itens, com ajuda de diversos profissionais especializados no país.

Nos parece que seria interessante e relavante para a comunidade brasileira no Japão, não? O que você acha? Sugere temas? Deixe-nos sua opinião e sugestões!

Rachel Matos 07/9/2015 via IPC Digital
http://www.ipcdigital.com/colunistas/rachel-matos/pesquisa-revela-32-atitudes-dos-pais-que-ajudaram-os-filhos-estrangeiros-na-escola-japonesa-queremos-sua-opiniao/

Nenhum comentário:

Postar um comentário