Muitas vezes escutei este questionamento feito por pais que saem do seu país de origem em busca de uma segurança financeira no exterior, mas carregam consigo culpas e angústias por levar seus filhos, impondo-lhes os desafios de se adaptar num “mundo novo”.
Alguns, então, preferem deixar as famílias na terra natal e enfrentar a jornada sozinho para não expor os filhos às dificuldades das mudanças de uma migração (especialmente se eles são mais velhos).
Certo ou errado? Não nos cabe julgar. As experiências, desejo e preparo pessoal de cada um levam as pessoas a tomarem suas decisões e as pessoas são livres para isso, é preciso respeita-las!
Mas é possível dialogar sobre esta profunda pergunta de quem carrega a família consigo numa migração, cuja resposta é também muito complexa.
“Nós escolhemos o futuro de nossos filhos quando os levamos para viver num país diferente, será que estamos fazendo o certo?”. Eis um possível caminho para ajudar as famílias chegarem na resposta:
Alivie sua culpa e o peso nas costas
Crianças não têm maturidade suficiente para decidir sobre seu futuro. Das dificuldades ou investimentos financeiros necessários para garantir uma melhor condição de vida para a família somente os adultos conhecem bem.
Quanto mais nova a criança for, menos ela sofre com os rompimentos dos vínculos afetivos (amigos e familiares). Portanto migrar com filhos na idade da primeira infância (0 aos 6 anos), costuma ser menos traumático e mais favorável para os processos de adaptação.
Agora, se as crianças forem maiores, já é necessário que os pais preparem o processo de desligamento, motivando e ajudando de forma mais ativa na adaptação no novo país.
Pais podem e devem fazer orientações, aconselhamentos e tomar decisões nas vidas de seus filhos. No entanto, esse poder diminui gradativamente à medida que eles vão crescendo e ganhando maturidade para tomar decisões e arcar com as consequências.
Há momentos e idades em que a criança mais velha ou o jovem podem ter mais dificuldade e resistência para aceitar novas experiências, fazer novos amigos, aprender outro idioma e aceitar novos sistemas sociais.
Se a decisão for migrar com toda a família, sendo os filhos mais velhos, não há culpa nisso, também, mas há mais responsabilidades e ações familiares necessárias.
Responda você mesmo com ajuda destas novas questões
A resposta à pergunta “Fizemos o certo ao escolher o futuro de nossos filhos?” depende de como os pais respondem à eles mesmos a estas questões:
– Preparamos nossos filhos para enfrentar desafios novos?
– Motivamos as crianças para aprender novas experiências?
– Compartilhamos com nossos filhos nossos sonhos de futuro, fazendo todos participar de uma missão em família?
– Conseguimos ouvir e respeitar os sentimentos (dores e prazeres) das crianças, acolhendo-os e animando-os na jornada?
– Garantimos estratégias de apoio aos filhos para se adaptar bem na escola e na sociedade?
– Conseguimos ter presença de qualidade e momentos familiares prazerosos nos momentos de folga, dando sentido à união e missão familiar?
A decisão pode ser correta, mas o modo com que se planeja a migração e gerencia a vida no exterior com filhos pode não ser favorável
É claro que os pais sempre tentam fazer o melhor para os filhos, por isso estão isentos de culpa, mas às vezes têm dificuldades em perceber que as crianças e adolescentes também precisam de preparo para uma mudança e apoio nos processo de adaptação e aprendizagem num novo país.
Estas perguntas podem servir de reflexão para que as famílias migrantes pensem sua realidade e promovam ações que colaborem com os filhos.
Fazer o certo não depende da decisão de migrar com os filhos, tomando a decisão por eles. Fazer o certo depende de como as famílias se responsabilizam pelos seus processos de aprendizagem e amadurecimento deles.
Para os que se preocupam, aliviem a culpa e aprimorem os instintos protetores! Tudo tende a dar certo com seu amor incondicional!
Rachel Matos 31/8/2015 via IPC Digital
http://www.ipcdigital.com/colunistas/rachel-matos/pais-abrem-o-coracao-escolhemos-o-futuro-deles-sera-que-estamos-fazendo-o-certo/
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