Chamamos de "Crenças limitantes" aquelas crenças
que temos sobre a vida que foram resultados de interpretações negativas das
experiências que vivemos. Dessa forma, quando passamos novamente por situações
parecidas com o que vivenciamos, nossas decisões sofrem influências daquele
padrão, impedindo a mudança de paradigmas.
Praticamente falando, são as crenças que movem nossas ações.
Se acreditamos que somos boas pessoas, vamos nos esforçar em fazer ações boas e
isso trará bons resultados reforçando nossa tese de que somos boas pessoas.
Por outro lado, se acreditamos que somos desorganizados,
outro exemplo, vamos tolerar a desorganização e protelar ações de organização.
Isso manterá a bagunça reforçando nossa crença de que somos desorganizados.
Crenças movem as nossas ações e aquilo que a gente crê a
gente faz. E o que a gente faz a gente vê. E quando a gente vê a gente acredita
de novo, reforçando nossas crenças, mantendo um paradigma.
Agora vamos aos exemplos da vida de um brasileiro no Japão.
Selecionei 5 frases comuns que estrangeiros costumam falar
sobre a vida no Japão e muitos falam, inclusive, para seus filhos.
Vou explicar o motivo para vocês evitarem falar isso para as
crianças:
"Japoneses são
pessoas difíceis"
Essa frase rotula e generaliza a condição do japonês
reforçando outra crença de que será muito difícil fazer amigos ou conviver com
um japonês. Se a criança acredita nisso ela, de imediato, passará a ter
comportamentos de esquiva e falta de esperança em conseguir conviver com eles,
não se esforçando com a esperança e o prazer necessários para se integrar rapidamente
à comunidade japonesa.
Ao invés de crer e falar assim é preferível dizer:
"pessoas são diferentes entre si, possuem maneiras de pensar e agir
diferentes, é o caso de japoneses e brasileiros, e isso pode nos ajudar a
aprender modos diferentes de ser. Como podemos conviver melhor com um
japonês?"
"Morar no Japão
não é fácil"
Pode ter sido difícil para muitos, mas não é uma regra.
Portanto, dizer que não é fácil é novamente engessar uma crença de que haverá
sofrimento. Ao invés de pensar que haverá dor e sofrimento, é preferível
planejar uma vida com desafios motivadores. Ou seja, ao invés de dizer que não
é fácil morar no Japão, é preferível dizer que "morar no Japão nos traz
enormes oportunidades de aprendizagem, vamos aproveitar?". Pensar assim
estimula melhores ações em benefício de uma adaptação favorável ao país.
"Aprender o
idioma japonês é complicado"
Se a criança começa uma aprendizagem crendo que será
complicado, difícil ou chato, ela perderá a motivação e interresse por
aprender. E, para aprender o aspecto emocional é primordial. A gente aprende
muito mais rápido e fácil aquilo que a gente ama e vê sentido. Portanto, por
mais que tenha e seja difícil para você, jamais coloque pedras no caminho de uma
criança. Prefira dizer: "aprender o idioma japonês te exigirá muito
esforço, mas também te trará enormes oportunidades. Uma grande porta se abrirá
para você se você falar e entender outro idioma. Gambate kudasai!"
"Estamos aqui no
Japão só para ganhar dinheiro"
"Só para ganhar dinheiro" transmite a mensagem de
que dinheiro é o fator mais importante na sua vida. Crianças querem ser amadas,
aceitas e estarem em 1o lugar no coração de seus pais. Você até pode estar aqui
pelo dinheiro e crer que está SÓ por ele faz você abrir mão de muitas
oportunidades em família.
O que cremos fazemos, lembra-se? Então esteja aqui com
propósito de ganhar dinheiro E TAMBÉM viver a família do modo mais pleno
possível neste fascinante lugar que te dá oportunidades diferenciadas. É
diferente pensar assim, não é? Mas talvez os ajude a fazer sua rotina entre
família diferente!
"A escola
japonesa não é para crianças estrangeiras"
Alguns pais costumam criticar a escola japonesa por não
estar tão preparada ou aberta para as crianças estrangeiras e acabam passando
mensagens negativas às crianças. Dizer que "aquela escola não é para
estrangeiros" transmite a mensagem de que a criança não pertence e nunca
pertencerá aquele espaço educativo. Ela já começará a sua jornada com sentimentos
de exclusão, comportando-se possivelmente como um excluído, gerando uma
convivência nem tanto harmoniosa, por seus mecanismos de defesa. Ao invés de
falar isso, fale abertamente sobre a realidade da escola, como funciona, sobre
seu método diferente, a importância da criança aprender e a participar da
cultura local e como seu filho pode ser capaz de se incluir. Afinal de contas,
se alguns conseguem completar o ensino japonês e ter sucesso acadêmico, é
possível ajudar seu filho, dando-lhe as ferramentas, os conhecimentos e as
ajudas necessárias.
A partir destes exemplos é possível refletir sobre outras
frases que costumamos falar às crianças. A ideia foi mostrar-lhes que mudando a
crença, mudam-se as atitudes e as perspectivas.
Um abraço e até a próxima!
(Texto publicado na Revista Super Vitrine, edição SET/2017)
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