quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Mães brasileiras com “filhos especiais” falam sobre a realidade de viver com este desafio no Japão

É interessante notar que há muitos relatos de casos de crianças brasileiras com autismo no Japão ou outros diagnósticos de dificuldades ou distúrbios de aprendizagem detectando uma necessidade especial.

Geralmente são as escolas as primeiras a apontar aos pais a necessidade de se fazer uma avaliação.

Alguns profissionais brasileiros da área da saúde chegam a questionar estes diagnósticos de escolas e clínicas japonesas, duvidando se realmente trata-se de um distúrbio individual ou uma dificuldade do sistema de lidar com crianças estrangeiras, coagidas por um sistema cultural novo, portadora de comportamentos natural e humanamente diferentes.

Bem, mas questionar estes diagnósticos não é o foco desta postagem. O fato é que realmente existem famílias que precisam cuidar de crianças portadoras de necessidades especiais morando no Japão e vamos aqui mostrar como elas convivem com este desafio e os apoios que possuem.

Com ajuda das famílias que fazem parte do grupo social do Facebook nomeado como “Mães de filhos especiais no Japão”, reunimos algumas informações e depoimentos sobre os beneficios do governo, a relação sociedade japonesa e criança especial, a diferença entre o tratamento das escolas japonesas e brasileiras e a solidariedade entre brasileiros. Acompanhe:

Existem benefícios do governo para crianças especiais no Japão?

Sim. Além dos benefícios financeiros para todas as famílias com filhos no Japão, existe um especial que se chama “Auxílio de bem-estar da criança com deficiência” (Shogaji Fukushi Teate).

É um auxílio para crianças portadoras de deficiência física ou psicológica e que necessita de cuidados especiais na vida diária. Há limite de renda anual e depende de uma avaliação diagnóstica da criança. O grau de deficiência deve ser mais severo para o recebimento deste benefício. O valor médio é de 14.000 ienes por mês.

Além dos benefícios financeiros, há também uma preocupação do governo em proporcionar terapias, suprindo as necessidades de estímulos para o seu desenvolvimento, é o que comentam as mães. Existem, por exemplo, muitas escolas ou clinica com tratamentos especiais onde elas são encaminhadas para receberem tratamento.

Como a sociedade japonesa convive com estas crianças?

Comparando com o Brasil, a sociedade japonesa está mais preparada para aceitar e receber estas pessoas na sociedade. Há uma infra estrutura melhor para ela conviver na cidade. Mas, em termos de oportunidade de trabalho, o Japão, assim como alguns outros países possui suas deficiências no sistema de inclusão.

Em relação aos pais, vivendo numa sociedade competitiva, esses têm muita resistência em aceitar que seus próprios filhos possuam alguma deficiência e não procuram ajuda. Tirá-lo da escola padrão para uma especial seria como extrair do filho uma oportunidade de evolução acadêmica, necessária para um progresso futuro na universidade e vida profissional. Portanto, a maioria prefere fechar os olhos e não aceitar as recomendações da escola.

Como as escolas japonesas lidam com estas crianças?

Quando a escola padrão percebe alguma dificuldade especial na criança ela sugere aos pais que a encaminhe para um centro de diagnósticos (Hoken Center).

Quando os pais aceitam e há um diagnóstico concluído, geralmente eles indicam mudar o aluno para uma escola especial, que possui recurso de estimulação necessária, porém é excludente, por isso os pais lastimam tanto.

Quando os pais não aceitam e permanecem com a criança na escola padrão, os professores, em geral, não têm muito recurso para lidar com ela, deixando-o à parte do grupo, sem estratégia de apoio individual, perpetuando o seu atraso.

Algumas escolas possuem as chamadas “salas especiais” que são aulas de reforço para crianças com algum atraso na aprendizagem devido à diversos fatores (inclusive as de adaptação cultural, como no caso de alunos estrangeiros). Neste caso, os professores, geralmente, são especialistas em educação especial. Mas isso não significa ter capacidade adequada e multidisciplinar para oferecer condições de desenvolvimento pleno destas crianças. É apenas um reforço acadêmico, com algumas estratégias individualizadas.

Como funcionam as escolas públicas japonesas para crianças especiais?

As Escolas de Educação Especial (Tokubetsu-Shien-gakko) são escolas para crianças com deficiência relativamente mais severa e visam oferecer uma educação mais adequada às necessidades educativas individuais de uma criança. Existem em todos os níveis de ensino obrigatórios, desde o jardim de infância.

Há casos de crianças que vão para estas escolas e depois conseguem retornar para a escola tradicional. Dependo do grau de dificuldade, do nível e tempo de tratamento e estimulação que esta criança recebeu em sua vida.

As escolas brasileiras estão preparadas para receber uma criança com necessidades especiais?

Existem diversas experiências entre as famílias brasileiras. Mas o que difere na qualidade de atendimento escolar é o grau de dificuldade da criança, pois, se ela precisa de profissionais de diversas especialidades (como fonoaudiólogo, psicólogo, etc.), as escolas apresentam mais dificuldade no acompanhamento desta criança, por não terem suporte de equipe multidisciplinar.

Há casos de professores brasileiros estudando cursos de especialização sobre inclusão e atendimento de crianças especiais para ajudar na atenção individualizada destes alunos. E são apoiados pelas instituições.

Mas também há relatos de mães que não encontram na escola brasileira capacidade, investimento ou interesse em ajudar estas famílias.

Como a comunidade brasileira se solidariza e apoia estas crianças?

Existem associações de pais com crianças especiais no Japão, que vem se fortalecendo nos últimos anos, com apoio de profissionais especializados brasileiros e japoneses que oferecem palestras e orientações.

Existe também o grupo social no Facebook chamado de “Mães de filhos especiais no Japão”. Lá é possível tirar mais dúvidas e discutir as experiências pessoais com outras famílias que passam pelos mesmos desafios.

Conclusão

Para encerrar gostaria de levar-nos a pensar que todas as pessoas são especiais, possuem suas características próprias e tem o direito de conviver em sociedade. Todo governo, liderança e comunidade deveriam encontrar estratégias para que todas as pessoas se sentissem confortáveis no lugar onde vive e encontrassem oportunidades de aprendizagem.

Creio, juntamente como muitos estudos da ciência, que não existem dificuldades de aprendizagem e sim dificuldade de ensinagem. São os pais, professores, colegas e cidadãos que devem desenvolver novas formas de agir e ensinar estas crianças que sim, são repletas de potencial.

Agradeço às mães que disponibilizaram algumas informações e espero que as associações se fortaleçam cada vez mais para buscarem seus direitos e melhores oportunidades para seus filhos, em qualquer lugar deste mundo!

Rachel Matos 28/9/2015 via IPC digital
http://www.ipcdigital.com/colunistas/rachel-matos/maes-brasileiras-com-filhos-especiais-falam-sobre-a-realidade-de-viver-com-este-desafio-no-japao/


Resultados das minha pesquisa da pós graduação: 32 atitudes dos pais que ajudaram os filhos estrangeiros na escola japonesa

Quero, hoje, contar-lhes sobre uma pesquisa recente e fresquinha que eu acabei de finalizar com a Universidade Católica de Brasília (com polo em Tóquio) para conclusão da Pós-Graduação em Psicopedagogia. No final do texto, seria muito importante se você pudesse interagir conosco.

Há muitos anos, temos notado (eu e outros pesquisadores no país) que grande parte das famílias brasileiras se preocupam com os desafios de colocar seus filhos nas escolas japonesas.

Junto com este dado, observamos que, de fato, há um grande número de evasão escolar, basicamente por dois motivos: dificuldades de adaptação do aluno brasileiro no sistema japonês e dificuldades dos próprios pais em ajudar seus filhos.

Por conta desta evasão temos no Japão o maior número de casos de delinquência juvenil de brasileiros no exterior.

Além disso, detectamos que os jovens que abandonam os estudos ficam fadados às oportunidades marginalizadas do país.

Preocupada com este quadro e com desejo de ajudar os pais no Japão, elaboramos uma pesquisa que pudesse indicar quais as competências (conhecimentos, habilidades e estratégias) que pais deveriam ter para ajudar no processo de adaptação e rendimento nos primeiros anos escolares dos filhos neste país.

Para isso fizemos um longo e dedicado estudo, seguido de algumas entrevistas.

5 mães, 5 alunos do Chugakko (antigo ginásio) e 5 profissionais (entre eles psicólogas, psicopedagoga, tradutores e professores) participaram desta pesquisa acadêmica.

O resultado foi sensacional!

Descobrimos uma lista de 32 atitudes que os pais desenvolveram que ajudaram na adaptação e rendimento escolar de seus filhos. Estes dados sugeriram uma “competência paterna” que os estrangeiros precisariam ter para ajudar seus filhos nas escolas japonesas.

Estas atitudes representam a soma de 5 conhecimentos aprendidos, 14 habilidades desenvolvidas e 13 estratégias realizadas.

Confira quais são eles:

5 conhecimentos

Saber o idioma japonês: fala, leitura e escrita;
Conhecer as características e necessidades de cada faixa etária e série escolar;
Conhecer o Sistema Educacional Japonês: seu funcionamento, as regras, os objetivos, os conteúdos.
Conhecer a cultura japonesa;
Entender a realidade e o universo infantil japonês. Quais desenhos, brincadeiras, músicas, histórias preferidas as crianças japonesas gostam? Que tipo de vestimenta elas usam? Como elas se comportam?

14 habilidades

Ajudar nas lições de casa;
Ler todas as correspondências enviadas pela escola;
Trocar informações constantemente com a escola;
Respeitar as regras da escola;
Se relacionar com os pais dos colegas;
Trocar experiências com outros pais estrangeiros;
Incentivar e apoiar os filhos frente aos desafios, acreditando em seu potencial de superação;
Incentivar a apoiar os filhos na realização do reforço escolar, se for preciso;
Incentivar a apoiar os filhos a fazer amizades com crianças japonesas;
Dialogar constantemente com os filhos, estreitando a relação diariamente;
Estar atento ao rendimento escolar do filho, bem como as mudanças emocionais.
Não pressionar a criança. Respeite o seu tempo de aprendizagem e adaptação;
Cultivar uma cultura de estudos em casa, estimulando o filho nas aprendizagens;
Adaptar os estudos do filho de acordo com as suas necessidades individuais;

13 estratégias

Matricular o filho em alguma escola de adaptação antes de entrar no Shougakko (ensino fundamental);
Matricular a criança em escolas de reforço do idioma japonês depois da entrada na escola, se necessário;
Organizar a jornada de trabalho dos pais, de forma com que ao menos um familiar consiga ter mais tempo com o filho estudante, ajudando-o nas lições de casa e participando de eventos escolares;
Estar presente em todos os eventos escolares possíveis;
Buscar auxilio de profissionais intérpretes ou tradutores voluntários ou particulares, se os pais não dominam o idioma japonês;
Assistir a programas de televisão, filmes e desenhos japoneses em família, garantindo a familiaridade com a cultura, os assuntos e o idioma do país;
Promover atividades de relaxamento e descanso diários ou semanais;
Complementar as tarefas escolares em casa com atividades com o mesmo objetivo em português, se esta for a língua que a criança se sente mais confortável;
Buscar junto à comunidade escolar (professores, diretores, pais de alunos) alternativas de apoio ao filho, num trabalho feito em parceria;
Apresentar a cultura e hábitos brasileiros à escola, em momentos oportunos;
Fazer um planejamento financeiro;
Procurar auxílio de ONGs, prefeituras ou órgão governamentais do Brasil no Japão para receber suporte psicológico ou educacional de graça.
Adaptar a vestimenta e o corte de cabelo dos filhos para um estilo mais parecido com as crianças japoneses, se esta for uma necessidade e desejo deles.
Esta pesquisa foi tão interessante que finaliza na sugestão da elaboração de uma série de publicações que explique o passo-a-passo de alguns destes itens, com ajuda de diversos profissionais especializados no país.

Nos parece que seria interessante e relavante para a comunidade brasileira no Japão, não? O que você acha? Sugere temas? Deixe-nos sua opinião e sugestões!

Rachel Matos 07/9/2015 via IPC Digital
http://www.ipcdigital.com/colunistas/rachel-matos/pesquisa-revela-32-atitudes-dos-pais-que-ajudaram-os-filhos-estrangeiros-na-escola-japonesa-queremos-sua-opiniao/

Pais abrem o coração: “Escolhemos o futuro deles, será que estamos fazendo o certo?”

Muitas vezes escutei este questionamento feito por pais que saem do seu país de origem em busca de uma segurança financeira no exterior, mas carregam consigo culpas e angústias por levar seus filhos, impondo-lhes os desafios de se adaptar num “mundo novo”.

Alguns, então, preferem deixar as famílias na terra natal e enfrentar a jornada sozinho para não expor os filhos às dificuldades das mudanças de uma migração (especialmente se eles são mais velhos).

Certo ou errado? Não nos cabe julgar. As experiências, desejo e preparo pessoal de cada um levam as pessoas a tomarem suas decisões e as pessoas são livres para isso, é preciso respeita-las!

Mas é possível dialogar sobre esta profunda pergunta de quem carrega a família consigo numa migração, cuja resposta é também muito complexa.

“Nós escolhemos o futuro de nossos filhos quando os levamos para viver num país diferente, será que estamos fazendo o certo?”. Eis um possível caminho para ajudar as famílias chegarem na resposta:

Alivie sua culpa e o peso nas costas

Crianças não têm maturidade suficiente para decidir sobre seu futuro. Das dificuldades ou investimentos financeiros necessários para garantir uma melhor condição de vida para a família somente os adultos conhecem bem.

Quanto mais nova a criança for, menos ela sofre com os rompimentos dos vínculos afetivos (amigos e familiares). Portanto migrar com filhos na idade da primeira infância (0 aos 6 anos), costuma ser menos traumático e mais favorável para os processos de adaptação.

Agora, se as crianças forem maiores, já é necessário que os pais preparem o processo de desligamento, motivando e ajudando de forma mais ativa na adaptação no novo país.

Pais podem e devem fazer orientações, aconselhamentos e tomar decisões nas vidas de seus filhos. No entanto, esse poder diminui gradativamente à medida que eles vão crescendo e ganhando maturidade para tomar decisões e arcar com as consequências.

Há momentos e idades em que a criança mais velha ou o jovem podem ter mais dificuldade e resistência para aceitar novas experiências, fazer novos amigos, aprender outro idioma e aceitar novos sistemas sociais.

Se a decisão for migrar com toda a família, sendo os filhos mais velhos, não há culpa nisso, também, mas há mais responsabilidades e ações familiares necessárias.

Responda você mesmo com ajuda destas novas questões

A resposta à pergunta “Fizemos o certo ao escolher o futuro de nossos filhos?” depende de como os pais respondem à eles mesmos a estas questões:

– Preparamos nossos filhos para enfrentar desafios novos?

– Motivamos as crianças para aprender novas experiências?

– Compartilhamos com nossos filhos nossos sonhos de futuro, fazendo todos participar de uma missão em família?

– Conseguimos ouvir e respeitar os sentimentos (dores e prazeres) das crianças, acolhendo-os e animando-os na jornada?

– Garantimos estratégias de apoio aos filhos para se adaptar bem na escola e na sociedade?

– Conseguimos ter presença de qualidade e momentos familiares prazerosos nos momentos de folga, dando sentido à união e missão familiar?

A decisão pode ser correta, mas o modo com que se planeja a migração e gerencia a vida no exterior com filhos pode não ser favorável 

É claro que os pais sempre tentam fazer o melhor para os filhos, por isso estão isentos de culpa, mas às vezes têm dificuldades em perceber que as crianças e adolescentes também precisam de preparo para uma mudança e apoio nos processo de adaptação e aprendizagem num novo país.

Estas perguntas podem servir de reflexão para que as famílias migrantes pensem sua realidade e promovam ações que colaborem com os filhos.

Fazer o certo não depende da decisão de migrar com os filhos, tomando a decisão por eles. Fazer o certo depende de como as famílias se responsabilizam pelos seus processos de aprendizagem e amadurecimento deles.

Para os que se preocupam, aliviem a culpa e aprimorem os instintos protetores! Tudo tende a dar certo com seu amor incondicional!

Rachel Matos 31/8/2015 via IPC Digital
http://www.ipcdigital.com/colunistas/rachel-matos/pais-abrem-o-coracao-escolhemos-o-futuro-deles-sera-que-estamos-fazendo-o-certo/

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

10 dicas para as férias escolares no Japão

Férias são excelentes oportunidades para os pais estarem mais próximos aos seus filhos, além de poderem oferecer diferentes oportunidades para o seu desenvolvimento.

No Japão, as férias de verão estão quase terminando. Mas, ainda é tempo de aproveitar os últimos dias com os filhos em casa!

Então aproveitem as dicas:

1 – Visitem museus 

Veja a lista de museus de ciência em 15 regiões do Japão no link

 2 – Visitem parques aquáticos

Conheça onde existem aquários no país entrando no site

 3 – Passeiem em zoológicos 

Encontre um zoológicos perto de você no site

4 – Visitem livrarias 

No espaço infantil das livrarias costumam ficar à disposição alguns livros para serem folheados. Explorem os materiais e aproveitem os contos para se divertirem juntos, estimulando a leitura.

5 – Leiam com seus filhos e acessem livros em português online gratuitamente

Ler com os filhos ajuda no desenvolvimento da linguagem, fluência do idioma, vinculo emocional e conteúdos para diálogos. Se quiser aproveitar livros em português, veja esta lista de livros disponíveis gratuitamente pelo Ministério da Educação do Brasil no site

 6 – Aproveitem as praias (se possível) e piscinas públicas que existem em todas as cidades

No Japão existem muitas piscinas públicas, bem estruturadas, com baixo custo de entrada. Verifique na sua prefeitura o guia de lazer da sua cidade e região.

7 – Façam piqueniques nos parques

Como exemplo, um lanche de janta especial num dos parques da cidade à noite, caso os pais trabalhem durante o dia.

8 – Usem a criatividade nos dias de chuva (veja as sugestões no link)

Dias de chuva em que as crianças precisam ficar em casa, é hora de colocar a criatividade em dia! Estimule atividades educativas para que elas não fiquem muito tempo na TV ou nos joguinhos eletrônicos. Vejam dicas de algumas brincadeiras para se fazer em casa no site

9 – Façam sessão cinema e assistam a algum filme em família

10 – Criem oportunidade para os reencontros com familiares do Brasil (ao menos online ou via troca de cartas). Isso favorece o elo com as raízes culturais e a manutenção ou aprendizado da língua portuguesa

Fortaleça os vínculos familiares nestes dias em que as crianças estão menos atarefadas, mais soltas e disponíveis. É uma grande oportunidade!

Apesar da bagunça da galerinha aumentar nas férias, a diversão e o elo familiar podem ser garantidos! Aproveitem!

*Postagem feita no dia 19/8/2015 na Coluna Rachel Matos para o site IPC Digital.

Acesso em: http://www.ipcdigital.com/colunistas/rachel-matos/o-que-fazer-nos-ultimos-dias-de-ferias-escolares/


Sim, é possível e eu te conto detalhes do processo de inclusão do meu filho na escola japonesa

Integração e inclusão são processos diferentes. Enquanto o primeiro diz respeito ao esforço pessoal de adaptação, fruto de uma moldagem a um sistema, o segundo, a inclusão, diz respeito a um processo coletivo de mudanças e adaptações para aceitar e favorecer o desenvolvimento das pessoas, respeitando suas singularidades.

Para apresentar esta diferença e também compartilhar experiências registrei aqui como foi o processo de inclusão do meu filho na escola japonesa, mais especificamente numa escola de educação infantil (Yuchien).

Certa de que não existem respostas corretas e únicas, a intenção é fazer trocas de práticas de sucesso para inspirar mais famílias a ajudarem a inclusão escolar no Japão, além de mostrar que existem escolas por aqui que são capazes de ajudar os estrangeiros. Vejam lá:

QUANDO TUDO COMEÇOU

Quando chegamos no Japão meu filho tinha 2 anos de idade.

Aos 3 anos, ele começou a se interessar em brincar com outras crianças nos parques em que íamos diariamente. Mas os primeiros grandes desafios do idioma e cultura apareceram: sem saber falar japonês e tendo seu aspecto físico diferente da população local nenhuma criança queria brincar com ele, nenhuma mãe estimulava algum filho a aceitá-lo na brincadeira e alguns ainda se afastavam discretamente quando nos aproximávamos na tentativa de brincarmos juntos.

Racionalmente eu compreendia a situação: eles também têm medo do diferente, não sabem se comunicar conosco, além de não serem – em sua maioria – estimulados a conviver com a diversidade.

Compreensível, mas meu coração “rasgava” cada vez que ele, tão pequeno, dizia “mamãe, ninguém quer brincar comigo”.

Isso não estava certo, humanamente falando.

Era hora de agir. Não dava para esperar algum japonês me ajudar…

O COMEÇO DA AÇÃO

Entendi que estava no momento de buscar um local para ele brincar, aprender o idioma e um pouco da cultura japonesa para poder fazer parte de uma comunidade. Era isso que ele precisava e me pedia por traz do seu pedido na fala de uma criança de 3 anos: “mamãe quero brincar com outras crianças”.

Era hora de sair do ambiente familiar e explorar o mundo.

Era hora de nós dois sairmos do casulo e enfrentarmos o país.

Como eu não falava japonês fui em busca de espaços com esta finalidade, com mediadores. Achei que as escolas e os professores poderiam ser os meus primeiros ajudantes neste processo.

A BUSCA PELA ESCOLA CERTA

Escola perfeita não existe, mas existe uma escola ideal para cada perfil de família e criança. E isto depende das expectativas e necessidades de cada um.

Eu fui atrás de uma escola que pudesse dar atenção para as particularidades do meu filho e nos encarasse como seres humanos e não “alienígenas”!

Pesquisei na prefeitura os melhores Yuchiens (jardins de infância) perto da minha casa. Visitei 5 deles e fiz várias perguntas aos professores em todas as visitas.

Perguntas do tipo: como foi ou é a experiência da escola com estrangeiros? E com crianças surdas e mudas? Meu filho é “surdo e mudo” para o idioma japonês. Como vocês o ajudariam a entender, se comunicar e a se relacionar?

Além disso, vivenciamos algumas atividades recreacionais para não-alunos oferecidas por estas escolas e observei a desenvoltura e segurança das professoras com meu filho que respondia em português e se comportava diferente das outras crianças.

Das 5 escolas que visitei, 4 mostraram-se tensas com a nossa presença. Apesar do discurso de que se esforçariam ao máximo para nos ajudar, essas 4 não fizeram nada além do que o atendimento padrão voltado a todas as crianças japonesas, além de olhar para a gente com ar de tensão como se fossemos “alienígenas”!

O meu coração não estava confortável. Até que visitamos a 5a escola.

CHECAGEM E ENTROSAMENTO: O INÍCIO DO PROCESSO INCLUSIVO

Escolhemos uma escola pequena, com cerca de 50 alunos e uma média de 12 crianças por turma. E com 4 anos ele ingressou nessa escola.

Além do tamanho, o que nos cativou foi a tranquilidade, segurança e alegria com que fomos recebidos. A comunicação via gestos e dramatização era espontâneo. E isso se provou em todas as visitas que fizemos.

Dicionários português/japonês e frases básicas de cumprimentos em português foram expostas na sala onde os “não-alunos” se reuniam quinzenalmente com as mães e professores para atividades recreativas, antes de se matricularem.

Estas foram as ações espontâneas da escola para nos ajudar e incluir. Bingo! Fechamos com ela o contrato de dividir esforços na formação do meu filho!

AULAS INICIADAS, ESCOLA, COMUNIDADE ESCOLAR E FAMÍLIA COMPROMISSADAS COM A INCLUSÃO 

Optei por uma relação de transparência com a escola. Não hesitei em buscar auxílio de profissional de tradução para estar comigo em todas as reuniões.

Expus minhas dificuldades, medos e inseguranças. Pedi ajuda e fiquei disponível para ajudar.

Desenvolvemos uma empatia, de forma com que o compromisso para incluí-lo passou a ser de ambas as partes, não só da escola.

Veja o que a escola fez:

– Colou mapa e bandeirinhas do Brasil na sala de aula da turma do meu filho;

– Colou alguns cartazes com frases e palavras em português com figuras assimilativas para que meu filho pudesse mostrar o que precisa, se os gestos não ajudassem (Por exemplo: partes do corpo para mostrar alguma dor e a professora poder repetir e checar em português);

– Comprou para a professora um dicionário eletrônico;

– Pediu ajuda das famílias em reunião escolar e ainda mais, definiu líderes entre as mães, para serem responsáveis por nos ajudar (especialmente mães que falam inglês);

– Aceitou, inicialmente, um processo de adaptação à comida da escola. Alguns dias o “obento” era feito com a minha comida (típica brasileira) e suco e outras a comida da escola. Aos poucos começamos a mesclar com a comida japonesa e chá, até ele se adequar às refeições da escola. A própria convivência com os colegas o incentivou no processo;

– Filmou meu filho em algumas atividades (nos primeiros meses de aula) para me darem segurança de que ele estava se divertindo na escola.

Eu fiz:

– Dei de presente um livro sobre crianças brasileiras para as mães verem com as crianças e entenderem um pouco do nosso universo e de onde viemos;

– Organizei um churrasco (dividindo os custos entre a turma) para que eles experimentassem nossa culinária;

– Participei dos bazares escolares vendendo produtos brasileiros à preço de custo somente para levar nossa cultura àquela comunidade;

– Pedi apoio e agradeci às mães, em todas  as reuniões, por nos ajudar e estimular os filhos a ajudar o meu filho;

– Eu e meu marido ajudamos nosso filho a aprender japonês fora da escola também, formalizando os conhecimentos;

– Fiz curso de japonês para poder ajudá-lo e ainda mostrá-lo que estávamos no mesmo movimento;

– A cada regressão do meu filho (vontade de não ir à escola, sintomas de solidão e medo) eu marcava uma reunião com a professora que compreendendo melhor seus sentimentos buscava estratégias em aula para inclui-lo e se fazer entendido pelos colegas;

ALGUMAS LIÇÕES

As ações com as famílias feitas pela escola foram importantes, uma vez que geralmente as japonesas levam muita à sério os compromissos firmados em público. Era quase uma obrigação nos ajudar!

As trocas culturais foram necessárias para tornar o “diferente” habitual, “normal”. Assim, o respeito à diversidade foi conquistado à medida que as diferenças foram compreendidas e conhecidas.

Aprender o idioma junto com meu filho foi essencial para que ele mantivesse a motivação por enfrentar seus desafios, ente eles a solidão na escola e as frustrações pelas inúmeras tentativas com insucesso de tentar brincar junto sem conseguir falar e entender. Ele entendia que não estava sozinho nesta luta e tinha a mim e a seu pai como companheiros na aprendizagem de fatores para viver melhor no Japão.

Inclusão não é feita só por uma parte: pais, escola e comunidade precisam estar firmes no propósito e agindo em parceria.

CONCLUSÃO

Estou certa de que o processo de inclusão não está acabado. O respeito à diversidade são desafios diários para um estrangeiro no Japão, seja na escola, no trabalho ou em qualquer lugar. Aliás, em muitos lugares do mundo!

Contei uma experiência de uma escola infantil japonesa, espero um dia contar outra semelhante da escola fundamental, cujos desafios sabemos que são outros!

Como eu já disse, não há receitas padrão para que ocorra a inclusão, mas com exemplos diferentes a gente pode somar esforços e conhecimentos para ajudar os brasileirinhos nas escolas japonesa.


*Postagem feita em 14/8/2015 na coluna Rachel Matos nos ite da IPC Digital.
Acesso em: http://www.ipcdigital.com/colunistas/rachel-matos/sim-e-possivel-e-eu-te-conto-detalhes-do-processo-de-inclusao-do-meu-filho-na-escola-japonesa/

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O que poucos sabem sobre as dificuldades das crianças estrangeiras na escola japonesa e dicas que podem ajudar

O que as pesquisas, artigos científicos, professores e programas de atendimento às crianças e jovens estrangeiros no Japão revelam é que neste país encontra-se um dos mais difíceis sistema escolar para uma criança estrangeira se adaptar e estudar.

Não é difícil só pela rigidez dos estudos e cobranças escolares (o que faz a maioria achar que esta é uma oportunidade maravilhosa de desenvolvimento para a inteligência das crianças, especialmente quando se compara com um sistema precário de educação pública no Brasil), mas sobretudo, é difícil devido à cultura grupista e nacionalista do currículo e metodologia japonesa (que tende a isolar e desfavorecer tudo e todos que são diferentes), somado às dificuldades de idioma (fala e escrita) dos alunos e seus pais que muitas vezes não conseguem dar suporte necessário nos deveres escolares de casa e no diálogo com a escola.

Recentemente a Ministra das Relações Exteriores do Brasil divulgou dados dos brasileiros presos no exterior e revelou que no Japão existe mais casos de delinquência juvenil de brasileiros, comparado aos demais países, devido ao grande número de evasão escolar das crianças e jovens que não conseguem acompanhar o sistema e acabam por ficar excluídos das oportunidades da sociedade.

Ela e as demais pesquisas alertam as famílias para reconhecerem os problemas pelos quais os filhos enfrentam nas escolas para poder desenvolver ações efetivas de apoio escolar em casa e parcerias com as escolas.

Veja quais são as maiores dificuldades que, geralmente, em maior ou menor grau, as crianças estrangeiras enfrentam nas escolas japonesas e que geram consequências no rendimento escolar, no relacionamento familiar e social e no retorno ao Brasil:

Dificuldades no rendimento escolar

  • Ler e escrever japonês
  • Compreender, de modo geral, as aulas, pela falta de fluência no idioma;
  • Maiores dificuldades nas disciplinas de Matemática (devido à metodologia diferente) e História do Japão (devido aos conteúdos desconhecidos de uma família  estrangeira);
  • Dificuldade em fazer as lições de casa (devido ao idioma e pouca ajuda dos pais em casa);
  • Dificuldades em aceitar e se acostumar com os costumes e hábitos de estudo dos japoneses;
  • Cansaço físico e mental pelo rigoroso e longo sistema de estudo da escola.

Dificuldades sociais e emocionais

  •  Comunicação (fluência no idioma);
  • Fazer amizades;
  • Exclusão e isolamento social;
  • Preconceitos étnico raciais com brincadeiras humilhantes e bullying vindo de crianças japonesas e estrangeiras (que competem entre si para ver quem fala melhor o idioma japonês ou quem está mais “adaptado”);
  • Rejeição dos professores;
  • Alimentação diferente;
  • Desconhecimento do universo infantil ou juvenil japonês, dificultando as conversas e entrosamento;
  • Traumas psicológicos;
  • Dificuldades em entender as regras escolares;
  • Dificuldade em aceitar valores, costumes e sistema organizacional e disciplinar da escola, especialmente a limpeza escolar;
  • Perda de identidade na busca diária de se enquadrar nos moldes japoneses para aceitação.
  • Amortecimento dos problemas, pela demora na ajuda, com a participação de intérpretes (se é que possui esta ajuda, pois geralmente existe o apoio deste profissional somente nas escolas de cidades onde residem grande número de brasileiros);

Dificuldades familiares

  • Problemas de comunicação entre pais e filhos, quando esses passam a falar mais japonês do que a língua materna dos pais em casa.

Dificuldades no retorno ao Brasil

  • Dificuldades de adaptação no Brasil quando retornam (a perda da identidade brasileira acarreta numa nova readaptação ao país de origem. Desde idioma ao modo de se comportar).

Longe de trazer uma visão pessimista e assustadora, estes dados oferecem uma provocação e um alerta às autoridades brasileiras, profissionais que atuam no Japão e, sobretudo aos pais que podem ajudar os filhos a enfrentarem os desafios e dar suporte em casa.

O QUE FAZER?

Nota-se que quanto mais os pais estimulam os filhos, acompanham os deveres escolares, aprimoram o idioma, garantem uma rotina educativa em casa e trocam experiências e informações com a escola e a comunidade escolar, mais rápida é a adaptação, inclusão e progresso escolar dos filhos.

Começar cedo na escola japonesa (na educação infantil, por exemplo) e participar de escolas preparatórias (aprendizagem da língua e cultura japonesa) também facilita o processo de aprendizagem do aluno na escola japonesa.

ONDE PROCURAR AJUDA?

A maioria das prefeituras oferecem ou indicam Centros Gratuitos de Apoio aos Estudos para Estrangeiros (“Gaikokujin gakushu shien center” ou 外国人学習支援センター) . Neles há aulas de japonês para adultos e crianças, além de reforço escolar. Procure informações em sua prefeitura.

Para atendimentos ou aconselhamentos psicológicos gratuitos há o SABJA – Serviço de Apoio aos Brasileiros no Japão. O atendimento é feito também à distância, com ajuda da tecnologia. O telefone é050-6861-6400.

Se você é pai ou mãe no Japão, fique atento e ajude seus filhos! É possível favorecer o processo de aprendizagem deles na escola, mas é preciso ajuda, como todas as pesquisas e atendimentos revelam e vocês são capazes de administrar e acompanhar estas ajudas.

Invista! O retorno costuma ser recompensador!

*Texto publicado na Coluna Rachel Matos no site IPC Digital em 7/8/2015.

Acesso em: http://www.ipcdigital.com/colunistas/rachel-matos/o-que-poucos-sabem-sobre-as-dificuldades-das-criancas-estrangeiras-na-escola-japonesa/



sábado, 1 de agosto de 2015

Filho conta sobre suas dificuldades em se adaptar no Japão e dá uma linda lição de amor e companheirismo

Sentados num banco de um dos parques de uma cidade japonesa, o filho, ainda vestido com uniforme, chapéu e mochila nas costas e a mãe, cansada depois de uma jornada de trabalho, olham para os corvos voando de árvore em árvore, em silêncio.
O pequeno garoto ainda imaturo para compreender suas emoções e a mãe preocupada com os problemas do marido não trocam uma palavra… Mas suas almas seriam capazes de falar entre si e tudo começaria assim:
Filho: Mãe, por que tudo tem que ser tão difícil para mim?
Mãe: Difícil? Você só estuda e brinca e ainda tem todas as possibilidades de vida que eu e seu pai não tivemos no Brasil. Porque você acha que é tão difícil?
Filho: Você acha que vou à escola e só porque tento cumprir o que é me mandado fazer, acha que sou feliz? Nem tudo e fácil. Eu não tenho amigos, por exemplo. Vivo em volta de um bando de crianças que me olham e riem de mim. Alguns tem mais paciência, mas outros vão logo me deixando sozinho nas primeiras tentativas de frases em japonês que eu tento dizer.
Mãe: Já estão te fazendo este tal de bullying?
Filho: Não mãe. Ninguém encostou em mim ou me xingou. Mas os olhares deles dizem tudo: eles reprovam meu jeito de vestir, reprovam meu jeito de falar, meu jeito de sorrir… Quando eu erro em algum comportamento e não sigo alguma regra tem muito engraçadinho que tira onda comigo e mais a professora que logo me manda fazer o que ela quer, nem mesmo me explicando onde foi que eu errei. Sem contar quando eu não levo algo de casa que foi pedido, porque você não conseguiu ler e entender o informativo…
Tentando acalentar o filho a mãe diz: Isso é normal, meu filho. Você ainda tem que aprender a conviver com os japoneses. Com o tempo vai aprender a falar e a se comportar como eles. E eu… eu ainda não falo japonês também. No meu dia-a-dia eu não preciso muito do idioma e da escrita, então eu acho que não tenho tanta necessidade de aprender como você…
O filho persiste: Mas mãe… por que ninguém faz um mínimo de esforço para se adaptar a mim? Por que ninguém se esforça para me aceitar e gostar de quem eu sou e da forma como eu faço as coisas? Porque eu sou o único que não tenho meus pais para me ajudarem? Você também sempre dizia que “ser diferente é legal”! Que “temos que respeitar e incluir os diferentes”! Quer dizer que agora eu tenho que mudar o que sou para ser aceito por eles? Isso não é respeito, nem mesmo inclusão!
Um pouco engasgada e com discurso conformista, a mãe fala: Você tem razão, mas aqui é assim e eu e seu pai também passamos por momentos difíceis de adaptação.
A mãe, sem saída, questiona o filho: O que você acha que deveríamos fazer?
O filho respira fundo e faz uma das reflexões mais maduras que ele já fez em seu pequeno tempo de vida:Mamãe, nós precisamos mostrar para o pessoal da escola o nosso valor. Eles precisam conhecer nosso país, nossos costumes… precisamos ajudá-los a gostar da gente e das nossas diferenças, já que eles não aprenderam e ninguém está ensinando a fazer isso. Podemos começar por nós mesmos!
Mãe: Mas como? O que devíamos fazer?
Filho: Pensa mãe, pensa.
O filho começa a se empolgar: Precisamos, mamãe, fazer os professores entenderem que temos uma história de vida e considerar nossos conhecimentos na rotina da escola e dos colegas, sem ferir muito quem a gente é e ainda valorizando o que já temos.
Mãe: Mas como, filho?
Filho: Pensa, mãe, pensa. E também podíamos, nós dois, estudarmos o japonês em algum horário depois da escola. Assim você me ajudaria e a gente entenderia melhor o mundo deles.
Mãe: Mas como filho? Onde? Quanto isso nos custaria?
Filho: Pensa, mãe, pensa. E também, mãe, podíamos ter mais tempos juntos para brincar, eu você e papai…. assim, eu não me sentiria tão sozinho neste mundo assustador e diferente de mim…
Mãe: Mais tempo ainda? Como assim? Fazendo o que?
Filho: Pensa mãe, pensa…
Mas aí, o som de uma criança correndo na frente deles os despertou deste ensaio e o diálogo silencioso entre eles foi rompido.
Sem entender muito bem o que se passava, mãe e filho levantaram do banco em novo estado de espírito, um novo ânimo e algumas possibilidades para superarem os desafios diários de uma família migrante: estudar juntos, fazer trocas culturais com a comunidade, discutir com professores alternativas de inclusão e passar mais tempo de qualidade em família.
Mas como?
PENSA MÃE, PENSA PAI…
Este é um texto de ficção e retrata algumas angústias e reflexões de muitas famílias em seus primeiros anos morando no Japão, especialmente se tem filhos.
Escutar as mensagens do coração dos filhos ajuda os pais a tomarem as melhores decisões para ajudá-los. Isto é empatia e precisamos exercitar mais para aprimorarmos nossas missões de pais e mães, especialmente nesta difícil jornada de adaptação durante uma migração.
*Texto da minha coluna no IPC Digital em 1/8/15.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Como se tornar um especialista em seu filho?

Os pais devem acompanhar a vida escolar dos filhos e serem sensíveis para observá-los, monitorá-los e tomar as melhores estratégias possíveis para prevenir fracasso e dificuldades de adaptação. Mas muitos não sabem COMO fazer esse monitoramento. Então, alguns pesquisadores levantaram algumas estratégias de apoio aos pais. As dicas de hoje são do livro “Learning Disabilities: A to Z – a complete guide to Learning Disabilities from preschool to adulthood”.
Neste estudo, os autores apontam 7 perguntas investigativas para que pais possam se tornar especialista em seu filho e ajudá-los a ter sucesso escolar. As respostas vêm de várias fontes: da avaliação das dificuldades de aprendizagem, dos professores das crianças, da própria criança e da observação direta dos pais.
Vejam quais são as perguntas que os pais devem se fazer constantemente e como podem investigar as respostas:
 
1) Precisamos lidar com problemas físicos ou de saúde com nosso filho?
 
Reconheça problemas de fadiga, visão, audição, fala, compreensão, transtornos convulsivos, resfriados frequentes, se comem mal, dormem pouco, entre outros. Estes fatores podem alterar ou somar com outras dificuldades em aprender.
Cheque os efeitos colaterais de medicamentos utilizados.
Busque serviços terapêuticos.
 
2) Qual é o potencial geral de aprendizagem do meu filho?
 
Saiba que tipos de tarefas são fáceis, médias ou difíceis para o seu filho, bem como o desempenho escolar em cada disciplina. Quanto mais entendê-las mais precisamente poderá prever que tipos de atividades e tarefas serão difíceis, como ajudá-los (em casa, com ajuda da escola ou de parceiros externos) e quais os ajudará a conduzi-lo para o sucesso.
 
3) Exatamente, onde estão as áreas problemáticas?
 
Utilize a intuição de pais, desenvolvidas ao longo do tempo de convivência com os filhos. Você deve conhecer em que momento ele presta mais a atenção, como reage a críticas e frustrações, como ele se comporta em grupo, que tipo de contexto ele parece mais feliz e relaxado. Estas respostas podem fornecer mais dados sobre o que tem paralisado ou prejudicado o processo de aprendizagem da criança.
Pergunte aos filhos o motivo da dificuldade. Muitas vezes a resposta é lúcida.
O ideal é que uma avaliação de déficits de aprendizagem explore as áreas de dificuldade em alguns detalhes. A avaliação deveria ser completa, realizada até externamente, caso a escola não consiga fazer.
 
4) Quais são os pontos fortes de meu filho?
 
Toda criança tem áreas de relativa capacidade que não podem ser ignorados ou desvalorizados por causa de uma habilidade que supostamente é importante para a vida acadêmica.
Os pontos fortes são importantes para compensar as áreas fracas.
Com menos estresse, pressão e com autoestima elevada a criança pode compensar a área fraca com outra habilidade de apoio. (Por exemplo: a pessoa escreve mal, mas fala bem. Pode então, começar uma redação ditando para alguém escrever, ou gravando num gravador).
O envolvimento em esportes e artes salva a humanidade de qualquer um! Capacidades de expressão, comunicação, raciocínio, libertação de emoções podem ajudar a criança.
 
5) De que tipo de apoio meu filho precisa?
 
Investigue como as conquistas do seu filho nas disciplinas se comparam aos alunos da mesma série. Quais habilidades específicas dentro de uma área ampla são realmente problemas? Qual é o programa especial de aprendizagem que a escola e o professor tem desenvolvido com o seu filho (se é que estão desenvolvendo algo especifico para ele)? Qual é o estilo de aprendizagem pessoal do seu filho e qual método escolar que colabora para este estilo?
 
6) De que tipo de apoio social meu filho precisa?
 
Várias dificuldades de aprendizagem podem interferir no sucesso social, como: problemas com a comunicação verbal, dificuldades para interpretar expressões faciais ou corporais, dificuldades para entender as regras dos jogos, comportamentos impulsivos e inapropriados.
Crianças com problemas de aprendizagem podem ter problemas para iniciar e manter relacionamentos sociais (e vice-versa). A rejeição social pode ter um impacto ainda maior do que o fracasso escolar.
A confiança social afeta o sucesso na escola. Crianças com boas habilidades interpessoais (expressivas, agradáveis) se relacionam positivamente com as outras crianças e adultos, obtendo mais ajuda, aprovação e encorajamento.
Crianças com dificuldades sociais precisam de ajuda para aprender estas habilidades de forma mais direta (como iniciar uma conversa, responder adequadamente aos outros, expressar sentimentos, atenção a aparência pessoal, postura e higiene).
Fazer um esforço para entender o temperamento e os padrões de comportamento do seu filho pode ajudá-lo a organizar eventos sociais que mostrem o melhor da personalidade dela.
Crianças com 9 anos que não conseguem estabelecer conexões significativas tem risco aumentado de apresentar problemas emocionais ou comportamentais. Isolamento social é um sinal de alerta.
 
7) De que tipo de apoio emocional meu filho precisa?
 
Incentivo adicional e compreensão de suas famílias para manterem sua coragem e auto-estima.
Conselheiros/ orientadores profissionais se houver tendências destrutivas.
Estabelecer expectativas reais, não ser superprotetor (ajudar exageradamente), não sentir-se frustrado, culpado ou ansioso como pai.
Para a maioria das crianças a autoestima depende de como elas se sentem com relação a pessoa que vêem refletida nos olhos de seus pais.
 
Queridos pais, não percam tempo, fiquem de olho! Vocês são essenciais na vida de seus filhos e muitas dificuldades podem ser evitadas com ajuda de vocês. Então, levante a antena, garanta sua “lupa” e investigue sempre!
 
Gambatte Kudasai!
 
 
Bibliografia:
SMITH, C. & STRICK, L. Learning Disabilities: A to Z – a complete guide to Learning Disabilities from preschool to adulthood. Preso Editora, Porto Alegre, RS, 2001.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Medo da escola?

As escolas, muitas vezes, são a causa primeira de desequilíbrios psicossomáticos nas crianças, você sabia? Mas, o que de fato gera medo nas crianças? Como os pais podem detectar problemas e ajudar os filhos? Veja este resumo bibliográfico e um apanhado de história clínica sobre crianças que tem medo da escola, com alguns detalhes referentes à experiência escolar no Japão, e busque ajudar seus filhos.

De onde vem o medo?

De modo geral, o medo é devido aos testes, notas, trabalho a entregar, professores rígidos, medo de desiludir os pais, os professores, de fazer novos amigos, de não ser aceito pelos colegas, de não ser escolhido para as atividades em grupo, de ser vítima de chacota, de não conseguir decorar as fórmulas, etc. Soma-se, ainda, nas escolas japonesas, o medo de ficar solitário por não conseguir se comunicar, medo de enfrentar os preconceitos, de sofrer bullying, de ser rejeitado, dos colegas agressivos, de professores agressivos, de não entender as explicações do professor, medo de não conseguir fazer toda a quantidade de tarefas de casa, de fazer os passeios extra-classe, de passar mal e não conseguir pedir ajuda...
Medos, enfim, de uma avaliação ou de uma dificuldade de desempenho e uma possível punição que pode vir de diversas formas e de diversas pessoas (pais, professores e colegas). Tal agressão simbólica, em termos emocionais, podem gerar agressões em seus sistemas orgânicos. De um suor nas mãos fruto da ansiedade e do medo, a criança passa, por exemplo, a sofrer de asma ou de vômitos.

Quais podem ser os sintomas?

Geralmente os sintomas são: diarreia, insônia, gaguez, apatia, falta de apetite, comportamentos agressivos, choro compulsivo, dores de cabeça, dor no estômago, crises de pesadelos noturnos constantes, comportamentos de regressão (volta a fazer xixi na calça, falar como bebe, etc.), irritabilidade exacerbada, medo constante de perder os familiares, diminuição do rendimento escolar, evita ir a certo lugares, sem motivo aparente, evita contato ou se esquiva de crianças na rua, nega-se a falar o idioma japonês depois da escola, demonstrando um certo repúdio, asma, vômitos, entre outros sintomas menos frequentes.

Quando a criança ou o jovem consegue verbalizar os medos e seus motivos ela dá um passo para o tratamento, ajudando os seus cuidadores a ajudá-la com diversas ações. Mas, quando ela não verbaliza, tudo fica ainda mais difícil. Por isso, os pais precisam ficar atentos nos comportamentos e sintomas.
 
E o que fazer?
 
- Fique atento aos comportamentos de seu filho e reconheça mudanças de padrão; 
- Mantenha diálogo com o filho, respondendo sempre às questões feitas por eles;
- Não exerça muita pressão sobre seus rendimentos. O esforço deve ser mais valorizado do que o resultado em si. O resultado é consequência do esforço e busca de alternativas e respostas aos problemas;
- Ofereça ajuda para as tarefas e estudos. Se não conseguir acompanhar as tarefas, busque um amigo ou profissional que dê suporte;
- Permita que seus filhos explorem seus medos por meio da fantasia e brincadeiras. Entre no jogo com eles, perceba os conflitos e conversem sobre eles, dando apoio;
- Mostre-se interessado pelo seu filho, acolhendo suas dores e medos. Não diminua seus sentimentos.
- Busque ajuda na escola, trocando informações e traçando estratégias em conjunto;
- Busque ajudas profissionais: médicos, psicólogos, psicopedagogos, etc.
- Seja paciente. Não há respostas e tratamentos únicos. Algumas crianças melhorarão rápido, outras de forma mais lenta;
- Se os desafios na escola ultrapassarem os limites dos direitos humanos, faça uma intervenção social, responsabilizando e exigindo posições das autoridades locais;
- Em desafios relativos ao ciclo da vida apenas apoie e encoraja seu filho, de modo a tornar-se autoconfiante para ultrapassa-lo e superar as dificuldades. 

Onde buscar ajuda profissional no Japão?

Veja alguns telefones de psicólogos, psicopedagogos e grupos de suporte emocional disponíveis no Japão para brasileiros:
LAL: 0120-662488 ligação e atendimento gratuito
SABJA:  050-68616400 atendimento gratuito
Clínica psicopedagogica e educacional Evolução: 080-32050272 
Psicóloga Carla Amaral: 0506860 8819/ Email: ccaba_psi@hotmail.com 

Gambatte Kudasai!

domingo, 5 de abril de 2015

Enfrentando os 1ºs dias de aula na escola

Dor da separação? Medo do 1o dia de aula? Criança chorando? Mães angustiadas? No Japão o ano letivo começa em meados de abril. Se você ou algum conhecido está passando por isso, principalmente na entrada das escolas japonesas, leia estas dicas:
 
Entendendo a dor da separação no ingresso escolar:
O ingresso numa comunidade escolar representa a primeira introdução oficial do filho na vida em sociedade de forma autônoma.  É o primeiro desligamento oficial do filho do ninho familiar para entrar na arena da vida, sem a proteção e controle dos pais. Esses sabem de alguns dos desafios pelos quais a criança vai passar (inclusive os de adaptação cultural, inclusão ou exclusão e dificuldades de comunicação no caso das escolas japonesas), sofrem por antecedência, ao mesmo tempo que resistem – as vezes inconscientemente - em romper o vínculo de dependência criado entre pais e filhos, sobretudo mãe-filho.
Esta separação momentânea somada com o desconhecido gera sensação de vazio, impotência e insegurança por parte dos pais que, além de terem que se reorganizar enquanto sujeitos que passam a ter tempo livre para fazer outras atividades (e não mais cuidar do filho), precisam acreditar na competência do filho de enfrentar e superar os desafios.
Em relação aos filhos o sofrimento acontece pelo medo do desconhecido, do novo. Todo ambiente que não seja familiar costuma ser assustador. Ficar sozinho com outros adultos e crianças, sobretudo que falam uma língua desconhecida e que se comportam culturalmente diferente dos pais torna-se ainda mais difícil.
 
O que os pais, especialmente as mães, podem fazer para superar a “dor” da separação?
As mães precisam se “refazer” depois que os filhos entram na escola. Se redescobrir, encontrar atividades que preencham o tempo em que ficavam com os filhos, descobrindo novas funções, papéis e habilidades, encontrando sentido para o período “livre”, sem a criança.
Precisam também tirar-lhes a culpa que geralmente lhes caem nos ombros de deixar o filho sozinho na escola (sobretudo se for um bebê) para trabalhar. Para isso, é necessário valorizar os ganhos que o filho terá permanecendo na escola e os ganhos da família estar trabalhando, prevendo e planejando o futuro.
Para compensar a distância é possível estabelecer um relacionamento de qualidade no tempo que lhes restam do dia para estarem juntos. Envolvam-se em atividades lúdicas, divertidas e prazerosas, onde seja possível diálogo e afeto. Assim, é possível perceber que não há mal em deixar a criança na escola, pois mais do que quantidade há qualidade no relacionamento.
 
Como preparar a criança para o 1º dia de aula?
Não faça muitas mudanças familiares ou de espaço em casa no mês de entrada do filho na escola. Para suportar o desligamento e tantas mudanças do processo é importante que o ambiente doméstico lhe dê segurança.
O primeiro dia tem que ser de alegria, elogios e valorização dos familiares. Precisa ser um dia de orgulho para todos e de conversas positivas e de encorajamento.
Pode-se contar experiências positivas dos pais e irmãos na entrada da escola, de modo a focar para o desligamento positivo e para a caminhada autônoma e segura.
Evite comportamentos de despedidas e sofrimento, como longos abraços e frase de pesar como “que pena” ou “mamãe vai morrer de saudade”.
Explique quem vai buscar, a que horas e em qual lugar e, sobretudo esteja na saída da escola sem nenhum atraso.
Diga a criança o que os pais e irmãos vão fazer no momento em que ele estiver na escola: vão trabalhar, estudar, limpar a casa, se preparar para depois poder ficar todo o tempo com a criança, de modo com que ela possa compreender que todos têm uma tarefa e aquele momento não é de estarem juntos.
Mantenham-se seguros, encarem o choro como um processo natural de desligamento, responda com um acolhimento confortante e encorajador, dizendo que compreendem o que eles sentem, mas que todos os colegas também estão passando por isso e que tem certeza que vai passar.
E, só depois que a criança entrar e não ver mais os pais é permitido chorar. Aos pais o choro pode vir depois, quando as portas se fecharem!
 
Como ajudar na adaptação depois de iniciada as aulas?
Mantenha uma relação amistosa com os profissionais da escola e mães dos colegas. Vá as reuniões, seja pontual, apresente-se bem vestido (japonês valoriza a estética e disciplina), demonstre a escola que você se esforça para se adaptar a cultura japonesa.
Mostre-se sempre aberto para o diálogo com a escola. Pergunte esporadicamente como está o desenvolvimento do seu filho (se brinca com os colegas, se já fala o idioma, se participa das atividades, etc).
Prepare sempre o filho para saber se comportar e se comunicar no Japão (sem retirar dele a sua essência, sua própria cultura). Esse é um desafio que pode diminuir os preconceitos. Japonês dá importância à harmonia e igualdade, portanto, ensinar a criança a se adequar nos diferentes lugares e culturas é uma competência que vai lhe ajudar em qualquer situação da vida, em qualquer lugar onde ele estiver.
Se os pais não falam japonês é importante aprender. A comunicação e essencial para diálogos imediatos com a escola, além de ajudar o filho nas tarefas escolares.

Se a criança chora para ir à escola, o que eu faço?
Não se deve diminuir a dor e o medo da criança dizendo frases que a diminuem ou desqualifiquem e forçando-a a entrar na escola. O choro é uma mensagem, que pode ser desde uma manha fruto de uma carência afetiva momentânea (vontade de ficar mais um pouquinho com os pais), até um alerta para dizer que algo de muito ruim tem acontecido dentro da escola.
Por isso, os pais devem tentar sentir o que os filhos estão sentindo, ajudando-o a traduzir o que dá medo, o que assusta, o que é ruim, numa conversa serena, olho no olho, com muito carinho.
Contar para o filho que ele não é o único que tem medo, que não quer ir à escola pode confortá-lo e encorajá-lo a seguir adiante. Pode-se, inclusive, contar experiências próprias e dizer que até os adultos podem sentir um “medinho” antes de começar qualquer atividade que seja nova.
Pode-se também fazer um calendário que mostre os dias de aulas e os dias de folga, de modo com que a criança consiga visualizar o seu tempo dentro da escola e o tempo fora. Utilizar adesivos para marcar os dias frequentados pode ser divertido.
O diálogo e a brincadeira em família são fundamentais para se descobrir o que o filho sente em relação a escola e suas necessidades. Se a criança fala pouco é possível desenhar, fazer teatrinho e utilizar amigos imaginários ou bonecos para conversar sobre a escola e encorajar os filhos.
É importante não ceder fácil. Às vezes também, as crianças compreendem as angústias dos pais em deixá-lo na escola e utilizam manobras para ficar em casa. Afinal de contas, é muito mais seguro, confortável e fácil ficar em casa com os pais, amigos ou irmãos do que na escola, sobretudo se ele precisa se esforçar muito para aprender a língua, os costumes, as disciplinas e fazer novos amigos.
Mas, se caso o choro continuar e a vontade de não ir à escola for assustadoramente persistente vale uma conversa com a escola e tentar juntos detectar o que pode estar assustando a criança. Se possível peça para assistir uma aula ou que seja filmado alguns momentos do filho em atividade escolar para que vocês vejam o que acontece e como ele está reagindo para ficarem seguros e acalentados.
Esta não e uma prática muito solicitada em escolas japonesas, mas considerando que as características e desafios de uma criança de outra cultura são claramente excepcionais, a escola pode e deve colaborar para ajudar os pais e a criança no processo de adaptação e inclusão.

E, finamente, se isso não ajudar, não hesite em buscar ajuda de profissionais para analisar casos específicos, como psicólogos e psicopedagogos. 
O SABJA, por exemplo, oferece atendimento psicológico de graça pelo telefone: 050-68616400

Gambatte Kudasai!